Pai adotivo acusado de pedofilia tentou desviar foco da investigação
Comissário de bordo aposentado, de 42 anos, foi à delegacia na Grande SP fazer falsa denúncia e foi desmascarado pela polícia
atualizado
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São Paulo — O pai adotivo de dois garotos, investigado por produzir vídeos pornográficos com os próprios filhos, na Grande São Paulo, foi desmascarado pela polícia após ir à delegacia fazer uma falsa denúncia.
Ele foi preso, na tarde dessa quinta-feira (14/12), no 10º dia de internação no Hospital Emílio Ribas, na capital paulista, por causa de complicações decorrentes do vírus HIV. O comissário de bordo aposentado Juliano Viero Bordinoski (foto em destaque), de 42 anos, estava foragido da Justiça há cerca de dois meses.
Em meados de maio deste ano, ele foi até a Defesa da Mulher (DDM) de Barueri, na região metropolitana, onde relatou que seu filho, de 13 anos, teria sido assediado por um homem, quando o adolescente estava jogando no celular.
O pai adotivo afirmou que o suposto suspeito teria pedido fotos íntimas do garoto. Com o intuito de “investigar” quem seria o assediador, o cadeirante afirmou ter mantido a conversa com o outro homem, para o qual enviou fotos íntimas do menino.
A ideia, disse em depoimento, seria descobrir a identidade do criminoso, o qual começou a extorquir o cadeirante, motivo que o teria impelido a procurar à polícia. O celular de Juliano foi apreendido, mesmo com ele afirmando que as mensagens e fotos haviam sido apagadas.
Após periciar o aparelho, a Polícia Civil recuperou conversas anteriores, de fato apagadas, confirmando o envolvimento do cadeirante em uma rede de pedofilia, na qual negociava para que criminosos fizessem sexo com o filho mais novo.
Abusos de enfermeiro
Como relevado pelo Metrópoles, um vídeo que mostra um enfermeiro abusando sexualmente de um garoto de 9 anos, em 2019, ajudou a polícia a descobrir um esquema de pedofilia organizado pelo pai adotivo da criança.
O profissional da saúde José Aparecido da Silva, de 48 anos, foi preso em cumprimento a um mandado de prisão temporário, expedido pela Justiça, por volta das 6h30 de segunda-feira (11/12) em São Vicente, no litoral paulista. A defesa dele não foi encontrada. O espaço segue aberto para manifestações.
Investigações da DDM de Barueri identificaram José como o homem que mantém relações sexuais no vídeo com a criança, que atualmente está com 13 anos e sob os cuidados do Conselho Tutelar.
O registro e a direção das cenas de sexo foram feitos pelo pai da vítima, que a adotou juntamente com o irmão, dois anos mais velho, há cerca de sete anos. A prisão do enfermeiro resultou da quebra do sigilo telefônico do pai do garoto.
Abusos com supervisão do pai adotivo
O cadeirante adotou os dois irmãos, em Mauá, região metropolitana, quando ambos tinham 6 e 8 anos. Na ocasião, o homem mantinha um relacionamento de mais de dez anos com um companheiro, que desconhecia os abusos, como foi constatado em investigações da Polícia Civil de Barueri. O relacionamento do casal acabou há cerca de um ano.
Após as adoções, feitas legalmente, a família mudou-se para São Roque, cidade onde as crianças teriam sido abusadas sexualmente, por terceiros, sob a supervisão do pai cadeirante. Ele se aproveitava das ausências do companheiro, em viagens por exemplo, para produzir conteúdo de pornografia infantil com os próprios filhos, como mostram as investigações da DDM.
Isso durou até 2019, quando a família se mudou para Barueri e o filho mais velho foi morar com um parente, fora de São Paulo.
A vítima de 13 anos foi acolhida pelo Conselho Tutelar de Barueri no final de setembro, após ser encontrada na rua tarde de noite suja, descalça e com fome. O garoto afirmou aos conselheiros que não pretendia voltar para casa, onde acrescentou ter sofrido violência física e psicológica por parte do pai cadeirante.
A reportagem apurou que, até o momento, há três inquéritos policiais instaurados para investigar os crimes atribuídos ao pai adotivo.