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Padre lamenta intimação da PF para depor sobre golpe: “Rezem por mim”

Padre José Eduardo de Oliveira e Silva posta mensagem nas redes sociais em que lamenta intimação da PF para depor em investigação de golpe

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Imagem colorida do padre José Eduardo de Oliveira e Silva, de Osasco. Ele é careca, usa óculos e veste batina preta - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida do padre José Eduardo de Oliveira e Silva, de Osasco. Ele é careca, usa óculos e veste batina preta - Metrópoles - Foto: Reprodução/Instagram

São Paulo — O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo, lamentou a intimação da Polícia Federal (PF) para prestar depoimento em inquérito que investiga envolvidos na tentativa de golpe de estado no país, ocorrida no dia 8 de janeiro de 2023.

“Rezem por mim”, escreveu o religioso em seu perfil no Instagram, nesta quarta-feira (6/11), em publicação que divulga nota da sua defesa sobre a intimação. Ele foi um dos alvos de operação deflagrada em fevereiro deste ano.

O defensor, Miguel da Costa Carvalho Vidigal, classificou o chamado da PF para depor na Superintendência da PF de São Paulo como “a continuação dos equívocos perpetrados nos autos” da investigação que tramita no Supremo Tribunal Federal”.

Segundo o texto, o padre José Eduardo jamais teve qualquer atitude que visasse o rompimento do estado democrático de direito e nunca participou de reunião que tivesse como objetivo a quebra da ordem institucional.

“A ficção criada em torno do suposto envolvimento do padre José Eduardo, insinuando inclusive que ele fora ‘doutrinador de um esquema jurídico’ virou um inquérito que indefectivelmente deverá se concluir com a total improcedência da acusação”.

O defensor alega que o padre, pároco de uma igreja de localizada na periferia de Osasco, não possui conhecimento jurídico para entender ou organizar uma minuta de golpe. “As preocupações do religioso são com sua comunidade e com os fieis católicos”, escreveu Miguel da Costa Carvalho Vidigal — garantindo, no texto, que o padre estará à disposição da Justiça, “como sempre esteve”.

O Metrópoles procurou a Polícia Federal para obter detalhes sobre a intimação feita ao padre, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

A operação da PF

Na decisão que autorizou a operação contra Jair Bolsonaro (PL), militares, assessores e aliados do ex-presidente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cita que, de acordo com a PF, o padre integrava o “núcleo jurídico” do suposto grupo golpista.

Segundo a investigação, esse núcleo tinha a função de “assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”.

Ainda de acordo com a PF, o padre José Eduardo participou de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022, com Filipe Martins e Amauri Feres Saad, para tratar do plano golpista, no Palácio do Planalto.

Assessor de Bolsonaro durante o governo do ex-presidente, Filipe Martins foi preso nesta quinta-feira (8/2), no Paraná. Também alvo da operação, o advogado Amauri Saad é apontado como o redator da minuta golpista que levou a PF a deflagrar a operação contra bolsonaristas.

“Como apontado pela autoridade policial, ‘José Eduardo possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas’”, diz a decisão de Moraes.

O padre José Eduardo foi alvo de um mandado de busca e apreensão e está proibido de manter contato com os demais investigados, de deixar o país.

Procurada pelo Metrópoles, a Diocese de Osasco disse ter recebido a notícia por meio das mídias sociais e afirmou que irá colaborar com as autoridades na elucidação do caso.

“Esclarecemos que, por não possuirmos nenhuma informação oficial das autoridades competentes, aguardaremos a conclusão do caso”, disse em nota.

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