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Padre acusado de golpe em 8/1 nega envolvimento: “Direção espiritual”

Ouvido nesta 5ª (7/11), padre disse que conversas investigadas pela PF era com fiéis e sacerdotes que o procuraram para “direção espiritual”

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Foto colorida do padre José Eduardo de Oliveira e Silva, de óculos e chápeu preto
1 de 1 Foto colorida do padre José Eduardo de Oliveira e Silva, de óculos e chápeu preto - Foto: Reprodução/Instagram

São Paulo — Em depoimento à Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (7/11), 0 padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo, negou ter colaborado na redação da minuta do golpe — uma tentativa de elaboração de fundamentação jurídica para legitimar um golpe de Estado, articulado por pessoas próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após a derrota nas eleições presidenciais de 2022.

Alvo de operação deflagrada em fevereiro deste ano, o religioso foi ouvido por cerca de duas horas na Superintendência da PF em São Paulo. Outra pessoa também foi intimada pelos agentes federais para depor no mesmo inquérito.

O advogado Miguel da Costa Carvalho Vidigal, que representa o padre José Eduardo, entende que o depoimento foi positivo e demonstrou que o padre nunca participou de qualquer reunião nem colaborou na redação de qualquer documento que visasse favorecer uma ruptura institucional no país.

No entanto, o defensor disse ter recebido com “espanto e inconformidade” o questionamento sobre conversas extraídas — pelos agentes da investigação — do celular do religioso com fiéis e sacerdotes que procuravam o padre com regularidade para obter “direção espiritual”.

“Frases tiradas de contexto, que nada tinham a ver com a investigação, em mensagens que estão protegidas pelo Sigilo Sacerdotal. É um precedente imenso em nosso país que não pode ser ignorado. O Estado Laico que impera em nossa legislação prevê a total separação da Igreja e do Estado”, avaliou o advogado.

Miguel da Costa Carvalho Vidigal também afirmou que os agentes federais não entregaram cópia do depoimento e que a negativa seria “ordem do Sr. Ministro Alexandre de Moraes [ministro do Supremo Tribunal Federal]”, complementou.

A operação da PF

Na decisão que autorizou a operação contra Jair Bolsonaro (PL), militares, assessores e aliados do ex-presidente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cita que, de acordo com a PF, o padre integrava o “núcleo jurídico” do suposto grupo golpista.

Segundo a investigação, esse núcleo tinha a função de “assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”.

Ainda de acordo com a PF, o padre José Eduardo participou de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022, com Filipe Martins e Amauri Feres Saad, para tratar do plano golpista, no Palácio do Planalto.

Assessor de Bolsonaro durante o governo do ex-presidente, Filipe Martins foi preso no dia 8 de fevereiro deste ano, no Paraná. Também alvo da operação, o advogado Amauri Saad é apontado como o redator da minuta golpista que levou a PF a deflagrar a operação contra bolsonaristas.

“Como apontado pela autoridade policial, ‘José Eduardo possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas’”, diz a decisão de Moraes.

O padre José Eduardo foi alvo de um mandado de busca e apreensão e está proibido de manter contato com os demais investigados, de deixar o país.

Metrópoles procurou a Polícia Federal para obter detalhes sobre a intimação feita ao padre, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

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