Ouvidor das Polícias diz que falta de imagens atrapalha apuração de confrontos no litoral
Ouvidor das Polícias afirma que está preocupado com as justificativas apresentadas pela PM para não dispor de imagens do ocorrido no Guarujá
atualizado
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São Paulo — O ouvidor das Polícias de São Paulo, Claudio Aparecido da Silva, afirma que está preocupado com as justificativas apresentadas pela Polícia Militar para não dispor de imagens de todos os supostos confrontos que terminaram com a morte de 16 pessoas durante a Operação Escudo, desencadeada após a morte do soldado Patrick Bastos Reis, em 27 de julho, no Guarujá.
“A gente enxerga como muita preocupação, uma vez que existe uma série de denúncias a serem investigadas, vindas daquelas comunidades onde aconteceram os supostos confrontos que a polícia usa para justificar todas as mortes que ocorreram lá”, afirma.
Segundo a PM, em apenas 10 confrontos que terminaram com morte policiais contavam com câmeras. Em ao menos uma dessas, o equipamento estava desligado por falta de bateria.
Nessa segunda-feira (7/8), a corporação apresentou também uma série de gargalos envolvendo os equipamentos. Falta de dinheiro para ampliar o programa, dificuldades técnicas com sinal de telefonia e internet e até autonomia limitada das baterias foram apontados como problemas por oficiais da PM.
“Seria muito relevante que tivéssemos todas as imagens para fazer o confronto da versão dada pelos moradores com as câmeras. Elas são instrumentos de proteção do policial, para que não seja acusado de crime que não cometeu, mas também de proteção da população, para que não passe por arbítrios”, diz Silva.
Para o ouvidor, a falta de imagens pode prejudicar a apuração a respeito dos supostos confrontos. “A gente tem os relatos dos moradores e o que foi relatado pelos policiais nos boletins de ocorrência. As imagens poderiam corroborar uma versão ou outra, por isso a importância”, afirma.
Silva destaca também que a Operação Escudo é um caso simbólico da importância das câmeras e como elas deveriam ser usadas por todos os policiais que têm atuação operacional, nas ruas.
“Se a polícia assim desejar, dá. Para que a gente possa ter visão ampla e elucidativa para saber como se deu”, afirma.
No domingo (30/7) posterior à morte do soldado da Rota, Silva já alertava para registros colhidos em redes sociais e mensagens sobre atuação violenta da PM na Baixada Santista, em especial em bairros pobres do Guarujá.