Oposição adia votação de reajuste salarial das polícias na Alesp
Proposta de reajuste salarial do governo Tarcísio às polícias gerou reclamações entre policiais, que protestaram na Alesp na semana passada
atualizado
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São Paulo – Partidos de oposição ao governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) conseguiram adiar, nesta terça-feira (16/5), a votação do projeto de lei que prevê o reajuste salarial aos policiais, uma das promessas de campanha do governador.
Na noite desta terça, o projeto foi aprovado por um congresso formado por três comissões: Constituição e Justiça, Administração Pública e Trabalho, e Finanças e Orçamento. Relator do projeto, o deputado Carlos Cezar (PL), da base governista, não acatou nenhuma das 45 emendas protocoladas pelos parlamentares.
O congresso de comissões é uma forma regimental de acelerar a votação de projetos urgentes, já que todas as propostas precisam ser aprovadas pelas comissões antes de ir para votação em plenário. O presidente da Alesp, André do Prado (PL), tinha como objetivo aprová-lo em definitivo ainda nesta terça.
No entanto, o PT apresentou quatro emendas em uma sessão extraordinária, que teve início às 22h, para forçar o retorno do texto ao congresso de comissões. Todas haviam sido rejeitadas por Carlos Cezar, incluindo uma emenda do deputado Major Mecca (PL), parlamentar da base governista e um dos membros da bancada da bala, pressionada a promover ajustes no projeto por parte dos policiais.
Oposição ganha tempo
A manobra foi articulada pelas federações formadas por PT e PCdoB, além de PSol e Rede, todas de oposição ao governo Tarcísio. Parlamentares de outros partidos, como PSB, MDB e a federação formada por PSDB e Cidadania, também apoiaram a medida. Com isso, o texto será avaliado novamente pelo congresso em uma reunião marcada para esta quarta-feira (17/5), às 11h.
A oposição espera ganhar tempo para atrair mais atenção à discussão do projeto e forçar um reajuste linear ou maior para as polícias. O texto original enviado por Tarcísio prevê reajustes entre 13% e 30%, conforme o estágio de carreira, mas com diferenças entre policiais civis e militares e excluindo os agentes penais.
Na comissão, o líder da bancada petista na Casa, Paulo Fiorilo, disse que ao adiar a votação em plenário os deputados da base governista poderiam “ter a oportunidade de propor ao governador, que é um homem sensível e inteligente, para conseguir uma audiência pública [com os policiais]”.
“Sei que vários deputados da base estão incomodados [com o projeto de lei] e vão votar incomodados”, disse Fiorilo. Ele argumentou que como a mudança dos salários só seria feita a partir de agosto, isso permitiria aos deputados maior tempo para debater e aprimorar o projeto.
Desgaste
Promessa de campanha de Tarcísio, o reajuste gerou desgaste entre a base governista na Assembleia. Deputados reclamaram que houve problemas na articulação com as lideranças policiais e políticas, que só ficaram sabendo do conteúdo do projeto após ele ser apresentado publicamente, em cerimônia realizada na própria Alesp com a presença do governador.
Na semana passada, policiais civis e penais, além de policiais militares aposentados, protestaram contra os percentuais propostos pelo governo. Nesta terça, diante da possibilidade de votação do projeto em plenário, a Alesp reforçou a segurança e limitou os acessos dentro do edifício por meio de tapumes, para evitar novas manifestações.
Isso não impediu que um grupo de policiais penais acompanhasse a sessão no plenário carregando uma faixa com os dizeres: “Não queremos coronel, delegado, promotor ou juiz. A SAP [Secretaria de Administração Penitenciária] é da polícia penal”.
Também na semana passada, uma mensagem atribuída a um assessor da SSP acusou a base do governo na Alesp de “traição” e ameaçou retirar o projeto e não conceder nenhum reajuste, apenas o inflacionário, caso o texto fosse alterado na Casa.