Operação Verão chega a 50 mortos após supostos confrontos no litoral
Operação Verão chegou a 50 mortos nesta sexta (22/3) após supostos confrontos no litoral de SP; ação é alvo de denúncia de abuso e execuções
atualizado
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São Paulo — A Operação Verão deixou ao menos mais duas pessoas mortas em supostos confrontos com a Polícia Militar (PM), nesta sexta-feira (22/3), em Santos, no litoral de São Paulo. Já foram registradas 50 mortes desde o dia 3 de fevereiro.
Segundo as informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP), na primeira ocorrência, no Saboó, por volta das 4h20, PMs foram até o local para averiguar a denúncia de tráfico de drogas. Na casa, havia três pessoas e, na versão dos policiais, dois estavam armados. Em vídeo, pessoas afirmam que policiais lavaram o local do suposto confronto.
A SSP diz que um dos suspeitos apontou uma arma para os PMs, sendo baleado na sequência. Outros dois fugiram — um deles foi preso depois ao buscar ajuda em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
A versão apresentada pelos policiais na delegacia diz que o homem baleado foi levado com vida à Santa Casa de Santos, onde morreu.
Os policiais dizem também que ele tinha um revólver calibre 357, rádios comunicadores, R$ 939 e uma mochila com 610 porções de drogas entre ecstasy, haxixe, skunk, cocaína e maconha. O caso foi registrado no 5º Distrito Policial de Santos.
Na segunda ocorrência com morte registrada nesta sexta em Santos, um homem foi morto em suposto confronto com policiais do Batalhão de Choque na Avenida Dr. Rosário Batista Conte, na Caneleira, região do Morro do Tetéu. As circunstâncias não foram esclarecidas.
Também durante a tarde, outro suposto confronto envolvendo agentes do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) na Rua Manoel Penelas, na Vila Santa Rosa, no Guarujá, terminou com uma pessoa baleada. Até as 18h30, não havia a confirmação sobre o estado de saúde.
Denúncias contra operação
A Operação Verão tem sido alvo de críticas por parte da Ouvidoria e de diversas entidades de defesa dos direitos. Representantes têm colhido uma série de relatos de abusos cometidos pelos polícias militares contra a população de bairros pobres, além de denúncias de execuções durante as ações na Baixada Santista.
Em fevereiro, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) recebeu um relatório com a informação de que PMs teriam forjado confrontos e praticado tortura, entre outros crimes.
Quando questionada, a SSP sempre afirma que tem “compromisso com a legalidade, os direitos humanos e a transparência” e que as denúncias podem ser feitas à corregedoria da corporação.
Após saber que seria denunciado à Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) por causa da operação, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que não estava “nem aí“. “Sinceramente, nós temos muita tranquilidade em relação ao que está sendo feito. E aí, o pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, e eu não estou nem aí”, afirmou, em 8 de março.