Operação na Baixada após sumiço de PM tem 1ª morte confirmada
Rapaz atingido com tiro no rosto pela PM e levado a hospital no Guarujá na quinta (18/4), onde morreu na madrugada desta terça (23/4)
atualizado
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São Paulo — A operação desencadeada pela Polícia Militar (PM) no Guarujá, na Baixada Santista, após o desaparecimento do soldado Luca Angerami, teve confirmada nesta terça-feira (23/4) a primeira morte. Baleado pela PM no rosto na quinta (18/4), Matheus dos Santos Silva, 19 anos, morreu na madrugada desta terça-feira (23/4) no Hospital Santo Amaro.
A versão oficial contada pelos policiais no boletim de ocorrência diz que o rapaz demonstrou nervosismo ao avistar a viatura e que estava com um volume na cintura. Depois disso, durante a abordagem, teve uma discussão acalorada e “um rápido contato físico”, momento em que o cabo Luís Antonio Viana dos Santos, de 44 anos, efetuou um disparo, acertando a face esquerda de Silva.
Tanto no boletim de ocorrência quanto em nota enviada à imprensa pela PM, a informação era de que Silva não corria risco de morte. “O indivíduo identificado como Matheus dos Santos Silva foi socorrido ao Hospital Santo Amaro onde permanece internado, sem risco de morte”, diz o BO.
Apesar dessa informação, imagens divulgadas pela população mostraram o corpo do rapaz caído, ensanguentado, como se já estivesse sem vida no local do suposto confronto.
O boletim de ocorrência também registrou que a comunidade ficou inconformada com a ocorrência e “começou a tumultuar o local”.
Trata-se também de mais uma ocorrência em que o delegado afirma que “não ocorreu requisição de perícia para o local, pois não [há] campo para perícia, além de ter sido socorrido no local, a comunidade ficou inconformada com a ocorrência e estava tumultuando bem o local”. É o que consta no BO.
O boletim de ocorrência é assinado pelo delegado Wagner Camargo Gouveia. A versão oficial, aquela registrada no BO, aponta que houve legítima defesa por parte do PM.
Histórico de ações da PM
A nova operação na Baixada Santista, que teve um nome divulgado pelo governo estadual, sucede as operações Verão e Escudo, deflagradas após mortes de policiais militares na região.
Na primeira, após a morte do soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Patrick Bastos Reis, em julho, foram mortas 28 pessoas em 40 dias.
A segunda esteve no escopo da Operação Verão, que em 58 dias deixou 56 mortos em supostos confrontos com a PM em cidades da Baixada Santista. Foi encerrada no início de abril pelo secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.
Ambas as operações foram alvo de críticas e denúncias de execução e violação de direitos humanos por uma série de entidades, entre elas a Ouvidoria das Polícias.
Quando questionado a respeito de denúncias que seriam apresentadas à Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que não estava “nem aí“. “Sinceramente, nós temos muita tranquilidade em relação ao que está sendo feito. E aí, o pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, e eu não estou nem aí”, disse.
O que diz a SSP
A SSP afirma que o caso é investigado pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das respectivas corregedorias, Ministério Público e Poder Judiciário.
“Foram solicitados exames junto ao Instituto Médico Legal (IML). Os laudos estão em elaboração. Tão logo finalizados, serão analisados pela autoridade policial, visando esclarecer as circunstâncias dos fatos”, diz, em nota.