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Ônibus respondem por 26% das mortes por atropelamento em SP

Participação dos ônibus no atropelamento de pedestres mais que dobrou em comparação com o 1º trimestre do ano passado; foram 19 dos 73 casos

atualizado

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Oswaldo Corneti/Fotos Públicas
Terminal de Ônibus em São Paulo
1 de 1 Terminal de Ônibus em São Paulo - Foto: Oswaldo Corneti/Fotos Públicas

São Paulo — Um em cada quatro atropelamentos que terminaram em morte na cidade de São Paulo no primeiro trimestre deste ano envolveu ônibus que circulam pela capital. Entre os 73 pedestres atropelados e mortos, 19 (26%) foram atingidos por um ônibus. Os números são do Infosiga, do governo estadual.

A participação de ônibus em atropelamentos fatais em 2023 mais do que dobrou em relação a igual período de 2022. De janeiro a março do ano passado, foram 8 entre os 65 pedestres mortos na capital paulista, o equivalente a 12,3% do total.

Entre as 19 pessoas atropeladas e mortas por ônibus nos primeiros três meses do ano, 7 tinham 68 anos ou mais. A maioria absoluta é formada por homens (15) e cinco vítimas morreram antes mesmo de serem levadas para receber socorro em um estabelecimento de saúde.

Entre os locais onde pedestres foram atingidos e mortos pelos coletivos estão grandes avenidas de São Paulo, como Cupecê, Cruzeiro do Sul, São Miguel e Estrada do M’Boi Mirim. No Parque Dom Pedro, foram dois casos, nos dias 10 e 23 de março, que terminaram com a morte de um homem de 28 anos e de uma mulher de 74.

Pedestres mortos (1º trimestre)

  • 2017 – 108
  • 2018 – 94
  • 2019 – 90
  • 2020 – 78
  • 2021 – 69
  • 2022 – 65
  • 2023 – 73

No início do mês, a Prefeitura de São Paulo anunciou curso para reciclagem dos cerca de 30 mil motoristas das concessionárias de ônibus da capital.

Pedestres atropelados e mortos por ônibus (1º trimestre)

  • 2017 – 25
  • 2018 – 21
  • 2019 – 13
  • 2020 – 9
  • 2021 – 5
  • 2022 – 8
  • 2023 – 19

Segundo o professor de medicina do trânsito Flávio Adura, da Unifesp, o crescimento no número de atropelamentos de pedestres tem chamado a atenção dos especialistas.

“Há 10 anos, eles lideravam [o ranking de mortos no trânsito]. Depois de uma série de medidas, esse número começou a decrescer. Agora, em São Paulo, os pedestres estão em curva ascendente”, diz o especialista.

Sem menosprezar a responsabilidade dos motoristas nos atropelamentos, Adura também faz uma consideração em relação ao comportamento atual de muitas pessoas que andam distraídas pela cidade. “Hoje, os pedestres também caminham usando o celular, atravessando a rua mandando e lendo mensagens. É um fator de risco”, diz.

Outra discussão que está na pauta dos especialistas em medicina do trânsito, segundo Adura, é se não houve aumento no número de pessoas se deslocando a pé após a pandemia, o que pode contribuir para os atropelamentos.

O que diz a Prefeitura de SP

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) diz que, para melhorar a segurança dos pedestres, está ampliando a quantidade de faixas de travessias em toda a cidade. “Foram implantadas aproximadamente 5,6 mil novas travessias no município nos últimos dois anos”, afirma.

A prefeitura também cita o projeto Pedestre Seguro, um programa é responsável pelo aumento do tempo semafórico na travessia de pedestres em 50 dos principais corredores viários da cidade. “A ampliação do tempo de travessia, em média de 20%, foi realizada em mais de 1.000 cruzamentos da capital”, afirma.

A administração municipal também aponta a criança de áreas calmas, com readequação na calçada, entre outros, além da redução do limite de velocidade para 30 km/h. Cita, ainda, a regulamentação do Estatuto do Pedestre, que estabelece prioridade para quem caminha pela cidade.

A SPTrans diz que determinou, no início do mês, novas regras para as empresas realizarem a reciclagem de motoristas de ônibus. “Desde 17 de abril, todos deverão ser treinados de acordo com o conceito elaborado pela SPTrans e foco na direção segura e prevenção de acidente. As turmas já foram iniciadas”, afirma.

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