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Onda de mortes no litoral: famílias formam fila em IML para reconhecer corpos

Parentes de mortos no litoral de SP denunciam supostos abusos em ações policiais; 14 mortes foram confirmadas após assassinato de PM da Rota

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Foto colorida - pessoas sentadas e em pé aguardam atendimento no IML de Praia Grande
1 de 1 Foto colorida - pessoas sentadas e em pé aguardam atendimento no IML de Praia Grande - Foto: Renan Porto/Metrópoles

Praia Grande – Familiares de mortos durante intervenções policiais no litoral de São Paulo estiveram, na manhã desta quarta-feira (02/8), foram ao Instituto Médico Legal da Praia Grande para reconhecer os corpos das vítimas. Segundo funcionários, o movimento de chegada de corpos e de policiais no local (veja abaixo) está acima do normal.

Nesta manhã, três famílias aguardavam a liberação para realizar o velório de seus parentes. Um novo corpo foi levado pela polícia ao local, além de suspeitos presos.

A esposa e o chefe de Felipe Nascimento, de 22 anos, um dos mortos, dizem não conseguir acreditar no que aconteceu. O jovem, que trabalhava em uma barraca na Praia das Astúrias, foi morto na última segunda-feira (31/7) no bairro de Morrinhos , no Guarujá.

Segundo a esposa de Felipe, que preferiu não se identificar, policiais tinham ido à casa dele horas antes da morte e feito uma série de perguntas.

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“Eram três policiais. Eles fizeram um monte de perguntas para o meu marido e na frente das minhas filhas de 7 e de 9 anos. E viram o documento dele. Perguntaram se ele usava alguma porcaria”, diz a mulher.

“Várias pessoas viram ele sendo levado para um barro e depois os policiais levando o corpo”, completou. A mulher diz ter visto a bicicleta dele sendo jogada em um mangue.

“Era trabalhador”

O chefe de Felipe afirmou que ele era trabalhador. “O Felipe trabalhou no final de semana, eu paguei ele domingo e, na segunda, mataram ele”, completou.

O homem diz ter medo de sair de casa à noite e que alertou seus funcionários sobre o risco.

“Eu não saio mais para a rua durante a noite. Fiquei até com medo de que os PMs fossem lá, falei para meus funcionários ficarem atentos”, afirmou o homem.

Familiares de Douglas da Conceição Jacon, de 24 anos, também aguardavam a liberação do corpo. Eles já tinham ido ao IML no dia anterior, mas não tiveram sucesso.

Douglas teria sido morto por volta das 5h40 no Morro do São Bento, em Santos. “A gente não sabe o que realmente aconteceu na hora, mas nada justificada a ação da polícia”, afirmam os familiares.

Segundo os parentes de Douglas, ele não estava armado. “Foi uma emboscada, um tiro na cabeça. Ele não era de confusão.”

Operação Escudo

A Secretaria de Estado da Segurança Publica (SSP) informou, nesta quarta-feira, que 58 pessoas foram presas na Operação Escudo, deflagrada no litoral de São Paulo após a morte em serviço do soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Patrick Bastos Reis, de 30 anos, na última quinta-feira (27/7).

Após a morte do policial, pelo menos 14 pessoas foram mortas durante a operação. Segundo a Ouvidoria da Polícia de São Paulo, o número de mortes pode ser maior. O órgão também alertou para a denúncia de excessos cometidos por parte das forças policiais. Em coletiva na segunda-feira (31/7), o governador Tarcísio de Freitas negou que esteja havendo abusos.

Segundo nota da SSP, 20 dos 58 presos eram pessoas com ordem de prisão expedida pela Justiça. Os outros 38 foram detidos em flagrante.

Ao longo da operação, PM afirma ter apreendido 18 armas, entre fuzis e pistolas, e 385 quilos de drogas.

Segundo o governo, a operação não tem prazo para terminar. “A operação segue para sufocar o tráfico de drogas e desarticular o crime organizado, que possui grande atuação na Baixada Santista”, diz a nota.

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