“Ódio gratuito”: homem dá soco em vizinho por causa de cão; vídeo
“O que eu fiz para merecer essa agressão e ódio gratuitos? Ser preto? Ser gay? Ter pet?”, pergunta a vítima de 34 anos, agredida com soco
atualizado
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São Paulo – O gerente de inovação e de novos negócios Felipe Britto, de 34 anos, foi agredido com um soco no rosto, dado por um vizinho, quando ambos usavam o elevador do prédio onde moram, em Pinheiros, bairro nobre da zona oeste paulistana. O caso ocorreu na madrugada de sexta-feira (7/6).
O motivo para a violência, registrada por uma câmera de monitoramento (assista abaixo), seria o cachorro Farofa, o cão caramelo cuidado por Felipe e seu marido.
“O que eu fiz pra merecer essa agressão e ódio gratuitos? Ser preto? Ser gay? Ter pet?”, pergunta-se a vítima.
Em conversa com o Metrópoles, no início da tarde deste domingo (9/6), o gerente afirmou que o suspeito “pegava no pé” dele há um certo tempo. Pedia para que Felipe usasse focinheira em seu cachorro, quando passeasse com Farofa no condomínio.
“Ele me abordou em uma ocasião, quando estávamos somente eu e o Farofa, afirmando que eu precisaria usar a focinheira nele. Eu falei que não, porque meu cachorro é um caramelo de 17 quilos”. O rapaz conta que, quando está com seu marido – eles são casados há cinco anos –, o vizinho nem se aproxima.
A identidade do agressor é desconhecida pelo gerente. O condomínio, segundo ele, se negou em dar a informação.
“Ele [agressor] se sentiu no direito de fazer isso comigo dentro de minha própria casa. É uma agressão que vai além do físico. Ele atinge o psicológico. É um terrorismo psicológico, porque penso: onde vou estar seguro, se nem em minha casa estou?”.
O gerente registrou um boletim de ocorrência e o caso é investigado como lesão corporal e ameaça pela Polícia Civil.
O Metrópoles não havia conseguido identificar ou localizar o agressor até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
Vídeo do soco
“Fundo do poço”
Felipe entrou no elevador, por volta das 2h de sexta, onde se deparou com o vizinho, acompanhado da esposa. O homem, então, começou a questionar o gerente se ele já havia começado a usar focinheira em Farofa.
Mantendo o olho no celular, Felipe reiterou que não iria usar focinheira em um cachorro caramelo de 17 quilos. As imagens mostram que, durante a conversa, o agressor se posiciona em frente à vítima.
Quando a porta do elevador abre, a mulher sai primeiro. O agressor, careca e trajando uma jaqueta preta, a segue e, antes de sair, bate o ombro no peito do gerente. Em seguida, gira o corpo e desfere um soco no rosto da vítima, que cai no chão do elevador, atordoada.
“Já sofri muitos ataques raciais e homofóbicos na rua, de forma geral. Mas nenhum deles foi dessa maneira e esse cara conseguiu com que eu revivesse tudo isso, sabe. O fato de ele me jogar no chão [com um soco], naquele momento, é mais do que o chão, sabe? É como se eu não tivesse valor nenhum, como se tivesse atingido o fundo do poço”.
Felipe acrescentou ter contratado um advogado para levar adiante o caso e responsabilizar o agressor.