Obras da Linha 6-Laranja podem atrasar mais de mil dias, diz empresa
Relatório divulgado em março revela que obras atrasarão por conta de problemas geológicos; novo prazo de entrega da Linha-6 do metrô é 2028
atualizado
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São Paulo — Um relatório divulgado no início de março deste ano, pela Linha Universidade, concessionária responsável pelas obras da Linha 6-Laranja do metrô de São Paulo, revela o atraso de 1.096 dias – o equivalente a 3 anos – na entrega do projeto que irá ligar a zona norte ao centro, passando também pela zona oeste da capital paulista.
No documento, a empresa diz que a obra tem atrasos na construção de algumas estações por conta de problemas não previstos nos estudos geológicos. Por causa dessas alterações, a Linha Universidade afirmou ter que buscar “soluções de engenharia para avançar”.
Segundo a concessionária, estudos estão sendo realizados para diminuir esse tempo de atraso estipulado em mais de três anos.
A previsão anterior era de que a obra fosse concluída até 2025. Com o novo adiamento, a expectativa é que até 2028 a linha seja entregue.
A Linha Universidade afirma que o governo estadual está ciente do prolongamento do prazo e que também analisa um reequilíbrio do contrato de concessão que incluiria os novos gastos.
O empreendimento é uma parceria público-privada (PPP) firmada com o Governo do Estado em Outubro de 2020 e que estabelece um contrato de 24 anos entre a construção e operação. O plano é que, ao estiver pronta, a Linha 6-Laranja deve transportar cerca de 600 mil pessoas por dia.
Ao Metrópoles, a Secretaria de Parcerias em Investimentos disse que acompanha e fiscaliza o andamento das obras. Além disso, destaca que os riscos geotecnológicos são objeto de regramento no contrato de concessão.
Cratera em condomínio
No último dia 20, as obras dessa mesma linha provocaram a abertura de uma cratera em um condomínio, na Avenida Ministro Petrônio Portela, na zona norte de São Paulo. O conjunto residencial fica próximo à futura estação Itaberaba – Hospital Vila Penteado.
Na ocasião, a concessionária afirmou que o local já era monitorado por causa da “condição atípica do solo e sua interface com as escavações do túnel com a tuneladora Norte” e por isso estava isolado no momento que a cratera se abriu. Não houve vítimas.
Em março deste ano, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) esteve na região para anunciar a chegada do tatuzão (como as tuneladoras são chamadas) ao local.
O equipamento, com 10,61 metros de diâmetro e 2 mil toneladas de peso, vai ligar a estação Itaberaba às demais estações da linha. As obras para a passagem do metrô acontecem a 68m de profundidade, segundo o site da concessionária.
Praça Charles Miller
As obras da linha 6-Laranja já provocaram a interdição de um trecho da Praça Charles Miller, no Pacaembu, na região central de São Paulo. O local ficou isolado entre o dia 8 de março e o início de abril.
À época, um comunicado entregue a moradores e comerciantes do entorno dizia que a interdição se dava “por motivos de segurança”.