metropoles.com

Obras de contenção no litoral podem afetar sobrevivência de espécies

Construção de muros, barreiras e alargamento de faixa de areia para conter o mar podem afetar espécies e seres humanos na região costeira

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação/Prefeitura do Guarujá
Imagem colorida com vista aérea da praia no guarujá, com mar, faixa de areia e prédios ao fundo - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida com vista aérea da praia no guarujá, com mar, faixa de areia e prédios ao fundo - Metrópoles - Foto: Divulgação/Prefeitura do Guarujá

São Paulo — Construção de muros e o alargamento da faixa de areia das praias do litoral podem trazer uma série de impactos negativos, colocando em risca a sobrevivência de espécies e afetando também a vida das pessoas que vivem no local.

Professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da cátedra Unesco para sustentabilidade do oceano, Alexander Turra diz que toda atividade humana ou intervenção no ambiente marinho leva a alguma alteração.

O especialista cita, entre as intervenções, o engordamento de praia, com mortalidade da biodiversidade tanto no local de onde foi retirada a areia (em jazidas no mar) quanto na própria praia, que será sufocada. “É um impacto evidente”, diz.

Outra mudança citada por Turra é a construção dos muros, que impedem a conexão da praia com outros locais da planície costeira.

“Praias com muros levam à extinção local de espécies”, diz. “Quando cria essas obras, os ambientes costeiros e manguezais vão ficar aprisionados no meio do caminho”, afirma, citando também processo de erosão ao longo do tempo.

Dessa maneira, diz ele, o ser humano também é afetado com danos à pesca e a exploração da biotecnologia, por exemplo.

Para o especialista, o melhor jeito de evitar as consequências do avanço do mar é planejar o uso do território. “É não ocupar as áreas previstas de alagamento e inundação”, afirma. Turra cita também populações que hoje já vivem marginalizadas, em palafitas, principalmente na Baixada Santista, e que serão impactadas de forma mais drástica.

O especialista da USP também lembra que o ser humano está promovendo as mudanças climáticas, com aquecimento da atmosfera, há mais de 200 anos, com forte agravamento nos últimos anos, o que leva ao aumento no nível do mar. “Para ser revertido, precisa de ações em médio e longo prazo. Podemos sequestrar muito carbono na atmosfera”, afirma.

Aumento

Professor do Departamento de Oceanografia Física, César Barbedo Rocha diz que o Instituto Oceanográfico da USP vem medindo o nível do mar em sua base de pesquisa no litoral sul desde 1954 e que a análise desses dados mostra que o nível médio vem subindo a uma taxa de cerca de 3 milímetros ao ano.

“Ou seja, no litoral de São Paulo, o nível do mar subiu, no mínimo, 20 centímetros desde o início da série histórica do nos anos 50. Parece pouco, mas é muito. A expressão horizontal [quanto atinge na planície costeira] desse aumento tem consequências graves”, diz.

Segundo Rocha, além de obras de engenharia, é preciso minimizar a principal causa do aumento do nível do mar. “É o aquecimento global, que tem derretido geleiras continentais [aumento do nível do mar devido ao maior aporte de água doce] e elevado a temperatura do oceano [aumento do nível do mar devido à expansão térmica]”, afirma.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?