O que se sabe e o que falta saber sobre execução de rival do PCC em SP
Empresário Vinicius Gritzbach foi executado com tiros de fuzil no aeroporto de Guarulhos. Rival do PCC já havia sofrido outros ataques
atualizado
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São Paulo — A Polícia Civil está empenhada em uma investigação sensível e difícil para esclarecer a execução do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, de 38 anos, morto com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na tarde dessa sexta-feira (8/11). O crime ocorreu em plena tarde, na área de desembarque do Terminal 2, enquanto centenas de passageiros circulavam pelo local.
Em postagem publicada nas redes sociais, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) prometeu uma investigação rigorosa e punição severa aos responsáveis pelo atentado. Ele acredita que o crime tenha sido planejado e executado a mando do crime organizado.
“Tudo indica que a ação criminosa ocorrida hoje no Aeroporto de Guarulhos está associada ao crime organizado. Todas as circunstâncias serão rigorosamente investigadas e todos os responsáveis serão severamente punidos. Reforço meu compromisso de seguir combatendo o crime organizado em São Paulo com firmeza e coragem”, escreveu o governador paulista.
A execução
Vinicius chegava a São Paulo após uma viagem de férias a Goiás. Ele estava acompanhado da namorada e de quatro seguranças particulares — que seriam policiais militares .
Imagens do circuito de segurança mostram o momento em que um carro para na área de desembarque, dois homens encapuzados descem do veículo, vestindo coletes à prova de balas e portando fuzis. Assim que o empresário se aproxima, os assassinos começam a atirar. São 29 disparos, segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles. Pelo menos um disparo atingiu o rosto do empresário. Dois seguranças ficaram feridos. Os atiradores entram no carro e fogem do local. Pouco depois, o veículo utilizado no crime foi localizado pela Polícia Militar.
Veja o vídeo com o momento em que o empresário é atingido à queima roupa:
O tiroteio provocou pânico e correria entre os passageiros e frequentadores do aeroporto. Vinicius caiu ainda do lado de fora. Pelo menos um ferido foi atendido já dentro do saguão do terminal.
Questionamentos sobre o crime
Há uma série de questionamentos que precisam ser respondidos pela investigação para que os responsáveis sejam identificados e presos. Quem são os executores do atentado? De quem partiu a ordem para matar o empresário? E quem interessava a sua morte?
Também ainda não se sabe — ou não foi divulgado — se havia um segundo carro utilizado no ataque, a origem do armamento pesado utilizado pelos criminosos (fuzis calibre 762), por exemplo.
No momento do crime, Vinicius estava acompanhado da namorada. No entanto, ainda não há informações sobre a identidade da mulher ou o seu paradeiro após o ataque no aeroporto.
Atentados anteriores
O empresário Vinicius Gritzbach era jurado de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) por supostamente ter mandado matar dois integrantes da facção.
Em dezembro do ano passado, Gritzbach havia sido alvo de um suposto atentado na sacada do apartamento em que mora na Anália Franco, na zona leste da capital paulista, enquanto passava o Natal em família.
Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC: Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo. Na denúncia, o MPSP diz que o empresário mantinha negócios na área de bitcoins e criptomoedas.
O duplo homicídio ocorreu em 27 de dezembro de 2021 e teria sido cometido em parceria com o agente penitenciário David Moreira da Silva. Noé Alves Schaum, denunciado por ser o executor dos membros do PCC, foi assassinado em 16 de janeiro do ano passado.
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach esteve preso até 7 de junho de 2023, quando ganhou liberdade condicional e passou a usar tornozeleira eletrônica.
“Sumiço”
Em junho deste ano, um “mal-entendido” teria feito com que a polícia fosse mobilizada para um suposto sequestro do empresário.
A reportagem apurou que o DHPP foi acionado após a companheira de Gritzbach e os dois seguranças dele ligarem para o advogado Ivelson Salotto, que defende o empresário, informando acharem estranha a movimentação dele de um carro para outro.
Quando chegou ao DHPP, Gritzbach aparentava nervosismo, segundo policiais que acompanham o caso. O teor de seu depoimento não foi informado. O DHPP segue investigando as pessoas com as quais o empresário conversou para esclarecer os fatos.