O que fez Nunes topar churrascada com Bolsonaro a 5 dias da eleição
Auxiliares de Nunes avaliam que podem vencer sem se aproximar de Bolsonaro, mas um aliado buscou garantir encontro antes do 2º turno
atualizado
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São Paulo — Prometida desde o início oficial da campanha, em agosto, a agenda conjunta de Ricardo Nunes (MDB) com Jair Bolsonaro (PL) ocorre nesta terça-feira (22/10) mesmo com a maioria dos aliados não bolsonaristas do prefeito avaliando que o evento já não é mais necessário porque ele lidera com folga as pesquisas de intenção de voto.
Contudo, o encontro vai se concretizar graças a uma articulação feita por quem se tornou o principal cabo eleitoral de Nunes e, na prática, um dos coordenadores da campanha emedebista: o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), afilhado político de Bolsonaro.
No entorno do prefeito, a aproximação com Bolsonaro nunca foi uma prioridade eleitoral. A equipe de Nunes avaliava, no início do ano, que o ex-presidente tinha tanto potencial para atrair votos quanto para aumentar índices de rejeição. Por isso, a principal função da aliança era evitar que outro candidato da direita chegasse ao segundo turno.
A estratégia, no fim, não deu certo devido à entrada na disputa de um nome que estava fora do radar de Nunes: Pablo Marçal (PRTB). O influenciador chegou até o dia do primeiro turno com chances, segundo os institutos de pesquisa, de tirar o prefeito da disputa.
Para complicar, Marçal recebeu uma série de acenos de Bolsonaro ao longo da campanha. No domingo do primeiro turno (6/10), o ex-presidente disse, em entrevista, que o mais importante era derrotar o rival de esquerda, o deputado Guilherme Boulos (PSol), em vez de enfatizar o apoio a Nunes.
Tarcísio, por outro lado, empenhou-se para garantir o apoio de Bolsonaro a Nunes ao longo de toda a campanha. Segundo interlocutores, Bolsonaro não acreditava que o prefeito venceria a disputa, mesmo quando já havia declarado apoio formal a Nunes, e disse ao governador que, caso se mantivesse próximo a ele, poderia ser derrotado junto com Nunes.
Entretanto, agora que Nunes venceu o primeiro turno e tem chances de ganhar com folga no próximo domingo (27/10), a aposta de Tarcísio se mostrou acertada, e o governador pretende manter os dois aliados próximos — tanto de si como entre si.
Foi ao vice de Nunes, Coronel Mello Araújo (PL), indicado por Bolsonaro, que o ex-presidente deu a data do encontro. Mas a articulação para organizar o evento, segundo a equipe de Nunes, coube a Tarcísio e ao coordenador oficial da campanha, Baleia Rossi, presidente do MDB.
Em vez de um grande evento na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), órgão que Mello Araújo comandou na gestão Bolsonaro, a opção foi por um evento fechado a empresários de alto poder aquisitivo e aliados políticos, em uma churrascaria no Morumbi, zona oeste da capital paulista.