O que está em jogo na dança das cadeiras nos governos Tarcísio e Nunes
Trocas no primeiro escalão do governo e da prefeitura colocam à prova equilíbrio político e negociações de Tarcísio e Nunes para as eleições
atualizado
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São Paulo — Até o sábado (6/4), ao menos seis secretários, quatro municipais e dois estaduais, devem se licenciar dos respectivos cargos para disputar as eleições deste ano, deixando para o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) opções em aberto para negociar com os partidos em pleno ano eleitoral.
No caso de Nunes, que ainda não definiu seu vice na disputa à reeleição, a oferta de um espaço no primeiro escalão é vista como uma forma de amansar aliados que podem se incomodar com a recusa do prefeito em aceitar indicações para a chapa.
Com base neste cálculo, o entorno do prefeito estuda a possibilidade de oferecer a Secretaria da Segurança Urbana ao coronel Ricardo Mello Araújo, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser o vice de Nunes.
O Metrópoles publicou que Mello Araújo já é visto como um nome cada vez mais distante do posto de vice. A entrega de uma pasta ao coronel, que é filiado ao PL, poderia ajudar Nunes a manter “uma média” com os bolsonaristas, avaliam assessores.
Atualmente, a secretaria é comandada por Elza Paulina, que se licenciará para disputar uma cadeira na Câmara Municipal, assim como os secretários Carlos Bezerra Jr (Assistência e Desenvolvimento Social) e Aline Torres (Cultura).
Já o secretário Marcos Gadelho (Secretaria de Urbanismo e Licenciamento) alegou motivos pessoais para deixar o posto. A vaga chegou a ser oferecida por Nunes ao deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos) a pedido de Tarcísio, mas o parlamentar recusou.
Motivação de Tarcísio
Por trás da indicação de Abduch para um cargo na gestão municipal está o desejo de Tarcísio de socorrer o agente da Polícia Federal (PF) Danilo Campetti, suplente de deputado estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Filiado ao Republicanos, Campetti está afastado de suas funções na PF sob suspeita de ter trabalhado de forma irregular na campanha eleitoral de Tarcísio em 2022. O agente estava junto de Tarcísio durante uma agenda interrompida por um tiroteio na favela de Paraisópolis em outubro daquele ano.
Caso Abduch tivesse aceitado ser secretário de Nunes, Campetti teria assumido como suplente do Republicanos na Alesp. Agora, o governador volta as atenções para outros deputados do partido que teriam interesse em uma vaga de secretário estadual.
Dois dos secretários de Tarcísio devem se licenciar ainda esta semana: Gilberto Nascimento Jr (Desenvolvimento Social) e Sonaira Fernandes (Políticas para a Mulher). Os dois serão candidatos a vereadores.
No caso da Secretaria da Mulher, o posto tem sido pleiteado pela deputada estadual Valéria Bolsonaro (PL). Aliados de Tarcísio não enxergam objeção do governador ao nome da parlamentar, que possui perfil conservador e bolsonarista, assim como Sonaira.
Para o Desenvolvimento Social, Tarcísio fez acenos ao líder do partido na Alesp, o deputado Altair Moraes, para que aceite o cargo.
No ano passado, o Metrópoles mostrou que Tarcísio já havia sinalizado o interesse de promover Altair a secretário com o intuito de ajudar Campetti.
Na Alesp, deputados alinhados com o governador enxergam que Tarcísio se sente em dívida com Altair por não ter nomeado o deputado seu líder de governo, conforme prometido durante a campanha.
Pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, que tem o Republicanos como braço político, Altair é um dos homens de confiança do presidente do partido, o deputado federal Marcos Pereira.