O que é a “bean bag”, munição da PM que matou torcedor são-paulino
Segundo a PM, a “bean bag” tem menor potencial ofensivo e é menos letal; munição é usada desde 2021 pela corporação
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – A Polícia Civil confirmou que o torcedor são-paulino Rafael dos Santos Tercilio Garcia, de 32 anos, morreu, no último domingo (24/9), por ter sido atingido na cabeça por uma “bean bag”, um tipo de munição utilizada pela PM em substituição às balas de borracha.
As “bean bags” estão sendo usadas desde 2021 pela corporação para conter distúrbios urbanos, como grandes aglomerações, a exemplo do tumulto ocorrido após a final da Copa do Brasil, com o título do São Paulo sobre o Flamengo. Esse tipo de munição é utilizado por instituições de policiamento em países como os Estados Unidos e México.
Segundo a PM, trata-se de munição de menor potencial ofensivo e menos letal. Ela é utilizada para causar distração a um possível agressor. Ao atingir o suspeito, a força policial ganha alguns segundos – parece pouco, mas pode ser tempo suficiente para solucionar um sequestro, por exemplo.
O objetivo é que a “bean bag” substitua as balas de borracha gradativamente. A corporação investiu cerca de R$ 620 mil para comprar cerca de 20 mil munições do tipo da empresa americana Safariland.
O material começou a ser comprado pela PM durante a pandemia de Covid. Na época, a PM argumentou que as balas de borracha tinham alguns problemas, como desvios de trajetória do tiro, o que colocaria pessoas em risco.
Bolinhas de chumbo
As “bean bags”, “sacos de feijão” em uma tradução literal para o português, são pequenas bolinhas de chumbo alojadas dentro de saquinhos plásticos. Elas ficam dentro de um tecido sintético. Assim como as balas de borracha, são acopladas a cartuchos e disparadas por armas de fogo.
Pelo protocolo da PM, as “bean bags” precisam ser disparadas a uma distância mínima de 6 metros para não causar um dano maior a quem foi atingido. As balas de borracha precisam de 20 metros.
Em junho deste ano, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgou uma nota explicando que “estudos técnicos apontam vantagens no uso das ‘bean bags'”. Entre elas, segundo a SSP, está o fato de serem projetadas para dispersão de energia sobre uma área mais ampla, o que ajuda a reduzir o risco de ferimentos graves ou letais. A capacidade de minimizar o risco de penetração em tecidos moles, como a pele humana, seria outro ponto positivo, disse a secretaria.
Na última segunda-feira (25/9), por meio de nota, a PM disse que policiais agiram no entorno do estádio do Morumbi, na zona sul de São Paulo, para impedir atos de violência da torcida e que a corporação irá apurar a conduta dos seus agentes para saber se eles agiram corretamente.
“A polícia interveio com técnicas de menor potencial ofensivo, como jatos d’água e gás de efeito moral. É importante ressaltar que a polícia não usou nenhuma ferramenta ou munição letal para dispersar o tumulto”, disse a PM.