Nunes volta a defender internação compulsória após tumulto na Cracolândia
Prefeito Ricardo Nunes disse que medida seria “humanitária” na Cracolândia e que é preciso discutir tema sem “paixões ideológicas”
atualizado
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São Paulo — Após uma semana de tumultos no centro da capital paulista causados por usuários de drogas, que chegaram a apedrejar seis ônibus e assaltar passageiros, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) voltou a defender a internação compulsória (forçada) de depedentes químicos como uma das soluções para a Cracolândia.
Nunes disse que a internação seria uma medida humanitária, uma vez que, na visão dele, aquelas pessoas “estão caminhando para a morte de tanto usar o crack”.
“A gente precisa fazer uma ação de discutir esse tema sem paixões ideológicas, com uma visão de humanidade para salvar a vida daquelas pessoas. De poder dar apoio aos médicos para receitarem a internação compulsória e o juizado aceitar”, afirmou.
Nunes comentou o tema durante um evento para marcar a inauguração da ampliação do Parque da Independência, no Ipiranga, zona sul paulistana.
O prefeito citou dados de uma pesquisa sobre o perfil dos usuários de crack da região feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) a pedido da Prefeitura.
O levantamento aponta que 55% do público no local frequenta a Cracolândia há mais de cinco anos e 39%, há mais de dez. “Quem está no uso do crack há tantos anos não se convence fácil a ir para o tratamento”, afirmou o prefeito.
Nunes negou que a Prefeitura tenha patrocinado uma tentativa de transferir o fluxo da Cracolândia das ruas ao redor da Estação Julio Prestes, no centro, para uma área próxima à ponte Orestes Quércia, na Marginal Tietê, ocorrida no último fim de semana.
“Aqueles usuários têm uma vida própria de locomoção”, disse o prefeito. “Se fosse real, até por uma questão lógica, de que alguém poderia direcionar (o fluxo) para algum lugar, a gente não teria aquelas pessoas causando tanto transtorno para moradores e comerciantes.”
Defesa prévia da internação compulsória
A proposta é que médicos possam determinar que um usuário de droga seja internado, mesmo que ele não queira, para tratamento contra o vício. O argumento é que os dependentes que circulam pela Cracolândia já não têm mais condição de opinar sobre querer ou não ajuda.
Há previsão legal para que a prática seja adotada, mas a determinação médica precisa ser levada a um juiz, para autorização ou não do procedimento.
Médicos da Prefeitura e do governo do Estado, porém, não têm um consenso sobre a eficácia da medida para o paciente.