Nunes ajuda e Tarcísio emplaca na Alesp agente da PF algoz de Lula
Agente da PF, Danilo Campetti fez condução coercitiva de Lula em 2018 e é suplente de deputado estadual pelo Republicanos
atualizado
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São Paulo – Um troca-troca na Prefeitura de São Paulo deve, finalmente, beneficiar o agente da Polícia Federal (PF) Danilo Campetti, aliado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), com uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Tarcísio indicou o deputado estadual Rui Alves (Republicanos) para ser o novo secretário de Turismo da gestão Ricardo Nunes (MDB), já que o atual titular da pasta, Rodolfo Marinho, deixará o cargo para atuar na campanha do prefeito à reeleição.
Afastado de suas funções na PF desde agosto de 2023 sob suspeita de ter trabalhado de forma irregular na campanha eleitoral de Tarcísio em 2022, Campetti é suplente na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e deve ficar com a vaga de Alves quando este se licenciar.
Candidato a deputado estadual em 2022 pelo Republicanos, o policial obteve 52 mil votos e, na prática, é o primeiro na fila para assumir a cadeira na Alesp – segundo suplente do partido, ele ficou atrás apenas da atual secretária de Esportes de Tarcísio, Coronel Helena, que não deixará a pasta para trabalhar no Legislativo.
Tarcísio já fez outras tentativas para emplacar Campetti na Alesp. A mais recente incluiu a indicação do deputado bolsonarista Tomé Abduch (Republicanos), seu vice-líder na Assembleia, para assumir outra pasta na gestão Nunes. Abduch buscava se cacifar como opção à vice de Nunes e recusou a vaga.
Afastado da PF
Conhecido por ter sido um dos agentes da PF que atuou na condução coercitiva de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2015, e na prisão do petista, em 2018, Campetti se aproximou de Tarcísio após ter integrado a equipe de segurança de Jair Bolsonaro (PL) na campanha de 2018.
O policial estava junto de Tarcísio durante uma agenda de campanha interrompida por um tiroteio na favela de Paraisópolis, em outubro de 2022, que deixou uma pessoa morta.
Na ocasião, o policial sacou sua arma e seu distintivo. Isso levou a corporação a investigar se ele tinha objetivos políticos, algo que poderia ser caracterizado como prestação de serviço não declarada à campanha – fato negado por Tarcísio e por Campetti.
O agente alega que estava de folga no dia e que somente utilizou os equipamentos da PF por entender que se encontrava em situação de ameaça.
Depois de eleito, Tarcísio tentou, mais de uma vez, socorrer o aliado por receio de que sua atuação na PF ficasse comprometida após o episódio em Paraisópolis.
Primeiro, ele o nomeou assessor especial, lotado na Secretaria da Casa Civil, mas o governo Lula solicitou o retorno do policial à sua lotação de origem, em São José do Rio Preto, no interior paulista, sob o argumento de falta de efetivo.
Em agosto, quando Campetti foi afastado de suas funções em meio às investigações sobre o tiroteio de Paraisópolis, pessoas próximas a Tarcísio enxergam perseguição do governo Lula tanto na solicitação de retorno do assessor quanto do afastamento dele do cargo.
No mês seguinte, Tarcísio avaliou fazer uma troca no seu secretariado para que Campetti assumisse a cadeira na Alesp. O governador estudava trocar o titular da Secretaria do Turismo, comandada pelo seu partido, o Republicanos, e oferecer o cargo a um dos deputados estaduais da legenda.