Nunes é aconselhado a poupar Marçal para não melindrar bolsonaristas
Integrantes da campanha de Ricardo Nunes tentam evitar que prefeito ataque Pablo Marçal, que conta com simpatia do eleitorado bolsonarista
atualizado
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São Paulo — Integrantes da campanha à reeleição do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), o aconselharam a evitar ataques mais contundentes ao influencer Pablo Marçal (PRTB), pré-candidato que tem mirado o eleitor bolsonarista e ameaça dividir votos da direita com o emedebista no primeiro turno.
Para eles, críticas mais duras a Marçal podem afastar uma parcela do bolsonarismo, que Nunes também pretende conquistar uma vez que é ele, e não Marçal, quem tem apoio explícito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), responsável pela indicação do vice na chapa do prefeito.
Na visão desse grupo, do qual faz parte o marqueteiro da campanha de Nunes, Duda Lima, o prefeito também desviaria o foco de seu principal adversário, o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), ao atacar Marçal.
Ataques a adversários do mesmo campo ideológico já se mostraram uma estratégia arriscada. O deputado federal Ricardo Salles (PL), por exemplo, que tentava se viabilizar à Prefeitura, perdeu apoio dentro da direita ao atacar Nunes da mesma forma como atacava Boulos.
Ataques diretos
Marçal tem feitos ataques duros ao prefeito, a quem já chamou de “homem fraco” e “incompetente”. Na sabatina Folha/UOL, na semana passada, o ex-coach disse que faria uma “profecia eleitoral” e afirmou que o prefeito teria de trocar de vice para se manter na disputa, referindo-se ao Coronel Mello Araújo (PL), indicado por Bolsonaro.
Nunes, contudo, tem evitado entrar na “trocação” com o adversário do PRTB, sem rebater as críticas de Marçal como faz quando o ataque vem de Boulos. Na semana passada, na sabatina da Rádio Bandeirantes, o prefeito optou por fazer elogios às capacidades de “coach” de Marçal no lugar de devolver os insultos.
“O Pablo Marçal é um bom coach. Você não estaria no nível que ele está, com a quantidade de seguidores, o nível de qualidade. Demora muitos anos para chegar no nível que ele chegou. Eu reconheço. Eu não conseguiria ser um coach, um palestrante. Mas, para ser prefeito, tem que passar por muito tempo [trabalhando]”, disse Nunes.
Ao responder à “profecia” sobre a troca de vice, que Nunes descarta enfaticamente, o prefeito ensaiou um contra-ataque ao adversário mais contundente. Ele chegou a fazer referência a um caso polêmico envolvendo Marçal, quando ele tentou fazer uma cadeirante andar, mas não se aprofundou no tema.
“O que eu acho disso [a profecia] é que ele não é bom como vidente. Ele tentou até curar uma cadeirante, que é uma coisa que a gente lamenta muito. Acho que ele é bom como coach, como um cara que dá cursos, ali. Como vidente e como prefeito, acho que não vai dar certo não”, disse Nunes.
O entorno do prefeito comemorou o posicionamento de Nunes ao falar sobre o Marçal na entrevista. A campanha do MDB ainda nutre esperanças de que o influencer não consiga viabilizar sua campanha, uma vez que há ações contestando a legitimidade da ala do PRTB que o apoia na Justiça.
Procurado pelo Metrópoles, o marqueteiro Duda Lima afirmou que, por questões contratuais, não comenta informações da campanha.