Nunes pede união contra “extrema esquerda” após rusga com bolsonarista

São Paulo – O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), pediu união contra a “extrema esquerda” em resposta à irritação de aliados de Jair Bolsonaro (PL) por sua postura de buscar o voto de eleitores bolsonaristas mas, ao mesmo tempo, tentar se manter distante do ex-presidente para não perder votos de outros eleitores.

“A eleição está muito longe, mas há uma ideia inicial de termos o centro, a centro-direita e a direita para vencer a extrema esquerda”, disse Nunes, na manhã desta quarta-feira (6/9), após uma visita a um centro de atendimento a dependentes químicos do Tatuapé, zona leste.

A fala de Nunes foi uma resposta ao advogado Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro e que vinha sendo um dos principais articuladores da aliança entre o prefeito e o ex-presidente.

Nessa terça (5/9), ao ser questionado sobre a aproximação de Bolsonaro por uma estudante da Faap, durante uma palestra na universidade, Nunes havia afirmado que não era próximo nem do ex-presidente nem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Wajngarten, que não gostou da declaração, fez uma postagem em uma rede social que foi interpretada como uma indireta ao prefeito. “Ninguém se apropriará de votos bolsonaristas e deixará Bolsonaro distante. A era dos gafanhotos acabou.”

Referência a Boulos

Nunes foi questionado sobre a publicação por jornalistas. A “extrema esquerda” citada pelo prefeito é uma referência ao deputado federal Guilherme Boulos (PSol), pré-candidato à Prefeitura no ano que vem que já vem organizando atos para a campanha na periferia da cidade.

“O candidato que está na extrema esquerda tem uma postura que, do meu ponto de vista, é muito ruim para a cidade. Agora, é preciso que as pessoas tenham essa compreensão e essa percepção de centro, que sou de centro, e da direita, de que é preciso vencer a extrema esquerda”, disse Nunes.

O prefeito, porém, destacou que ainda quer contar com a declaração de apoio formal de Bolsonaro a seu nome na disputa do ano que vem. “O apoio do presidente Bolsonaro, eu desejo que ele me dê. Como vocês sabem, até o momento, não teve essa declaração de apoio, mas eu desejo. Sempre coloquei isso de forma muito clara e transparente. Como o do PL, que já faz parte do governo, fez parte da eleição de 2020.”

Nunes aproveitou a ocasião para devolver a indireta a Wajngarten. “Sempre vai ter alguém que acaba fazendo alguma colocação e dá algum barulho. Mas acho que é talvez por falta de entendimento de um processo que a cidade de São Paulo precisa levar adiante, de defender a cidade. (…) a gente pode livrar a cidade de um possível risco de ter a extrema esquerda e a cidade virar uma bagunça” afirmou o prefeito.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal aliado de Bolsonaro, era esperado no evento com o prefeito desta quarta, mas desmarcou sua participação instantes antes.