Nunes ouve críticas a vice ex-Rota: “Favela é tudo, menos arma”
Em evento na zona norte de SP, Nunes ouviu críticas à escolha de seu vice nestas eleições, Coronel Mello Araújo, ex-comandante da Rota
atualizado
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São Paulo – Um dia após o anúncio de que Coronel Mello Araújo (PL) será o seu vice na disputa à reeleição da Prefeitura da capital, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) ouviu críticas à escolha, neste sábado (22/6), durante evento na Vila dos Andrades, na zona norte da cidade.
Durante a inauguração de um campo de futebol no local, Nunes ouviu do líder comunitário Guilherme Corrêa, do movimento Salve Periférico, que a favela não aceitaria “mais armas na comunidade”, em referência ao fato de Mello Araújo ter sido comandante da Rota, a tropa da Polícia Militar paulista conhecida pela atuação truculenta nas periferias.
“Não podia deixar de falar: a gente viu no noticiário que o nosso ex-presidente Bolsonaro insiste em indicar um coronel para vice-prefeito. Nós que somos favela não aceitamos mais armas na comunidade. A gente quer livros, quer Bíblia, quer pessoas voltadas para o olhar social. Favela é tudo, menos arma. Favela não tem vagabundo”, disse Corrêa.
O líder fez um discurso no palco onde também estavam Nunes e o vereador Milton Leite (União), presidente da Câmara Municipal e um dos principais aliados do prefeito.
Resistência ao vice
O Metrópoles divulgou, neste sábado, que a escolha de Mello Araújo foi uma vitória pessoal de Jair Bolsonaro (PL) por ter conseguido emplacar um vice contrariando dirigentes dos 12 partidos que coligam com Nunes.
A reportagem também apurou que o entorno do prefeito espera que Mello Araújo seja alvo de fritura, como o que ocorreu com as críticas públicas no evento deste sábado, a ponto de inviabilizar a candidatura do coronel até o prazo de inscrição da Justiça Eleitoral, em 15 de agosto. Isso permitiria a troca de Mello por outro nome na vaga do vice.
O próprio Milton Leite, presente no evento deste sábado e amplamente homenageado pelos líderes comunitários da região, era contrário à indicação de Mello Araújo. O cacique do União somente aceitou o nome do vice em troca de manter o seu partido na presidência da Câmara pelos próximos quatro anos.
Para tentar reduzir a rejeição a um ex-comandante da Rota nas periferias, a pré-campanha de Nunes tem indicado que vai ressaltar o trabalho de Mello Araújo à frente da Companha de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), entre 2020 e 2022. Aliados dizem que o coronel “moralizou” a gestão do local, marcada por denúncias de corrupção.