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Nunes nega censura à imprensa em ação contra acusação de desvios

Equipe do prefeito enviou petição em que diz que ação judicial contra mulher que o acusa não é tentativa de silenciar o direito à imprensa

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Luiz Guadagnoli/Prefeitura de São Paulo
Imagem colorida mostra o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, dando entrevistas - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, dando entrevistas - Metrópoles - Foto: Luiz Guadagnoli/Prefeitura de São Paulo

São Paulo — A defesa do prefeito Ricardo Nunes (MDB) informou que desistiu, no começo da noite desta sexta-feira (2/8), de requerer que veículos de imprensa fossem proibidos de divulgar informações sobre as acusações feitas a ele de ligação com a máfia das creches, um esquema investigado pela Polícia Federal (PF) que indiciou 111 pessoas na última segunda-feira (29/7).

O pedido solicitava à Justiça que o conteúdo de uma relação de links, do Metrópoles e de mais cinco veículos, fossem retirados do ar. As reportagens tratam de acusações feitas por uma das indiciadas por ligação com a máfia, Rosângela Crepaldi, que gravou um vídeo dizendo que o prefeito recebia “repasses” do esquema. Parte dos links trazia um vídeo de Rosângela, primeiro publicado pela Folha de S. Paulo.

Após a publicação de uma reportagem relatando a tentativa de censura, a equipe do advogado Daniel Bialski, que defende Nunes, repassou ao Metrópoles uma segunda petição, que será enviada à Justiça. O documento afirma que “não se pediu e não se pretende a retirada das reportagens dos órgãos de imprensa, nem mesmo a sua divulgação nas respectivas redes sociais”.

“O que ali se pede não esbarra em eventual censura, tampouco pode ser interpretado como tentativa de silenciar o direito à imprensa”.

Entenda o caso

A Polícia Federal (PF) concluiu nesta semana parte de uma inquérito aberto em 2019 para investigar um suposto esquema criado para desviar recursos públicos de creches terceirizadas da prefeitura da capital e indiciou 111 pessoas. No caso do prefeito, o delegado Adalto Machado afirmou que é necessário que a investigação continue.

A Acria, uma organização social que gerencia oito creches na zona sul e foi presidida por uma ex-funcionária de Nunes chamada Elaine Targino, é suspeita de ter desviado recursos públicos por meio da simulação de compras que não foram feitas.

Nos balanços, para que o desvio fosse ocultado, segundo a investigação, a Acria se valia de notas fiscais emitidas por uma empresa individual, a Francisca Jacqueline Oliveira Braz — que era gerenciada por Rosângela, segundo ela afirma no vídeo que Nunes quer tirar do ar.

A Acria recebeu R$ 1,3 milhão da empresa de Francisca ao longo de cinco anos. A empresa, além disso, fez uma transferência de R$ 20 mil para a empresa da família de Nunes, a dedetizadora Nikkey Serviços, em 2018. Na mesma data da transferência, o prefeito, que na época era vereador, depositou dois cheques da empresa em suas conta, no valor total de R$ 11,6 mil.

Nunes nega que os cheques que depositou em sua conta sejam recorrente de um “repasse” ilegal. Ele afirma que o pagamento só pode ser decorrente de serviços feitos por sua dedetizadora à entidade contratada pela prefeitura.

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