Nunes muda estratégia nas redes e foca em pautas de costumes
Antes focado nas obras de sua gestão, Nunes tem usado as redes para defender a proibição do aborto e associar Boulos à legalização de drogas
atualizado
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São Paulo — O prefeito Ricardo Nunes (MDB), que disputa a reeleição em São Paulo, mudou o foco da sua campanha nos últimos dias para investir em pautas de costumes, como a proibição do aborto e das drogas.
Até então, Nunes vinha usando uma retórica mais moderada, concentrada nos feitos da sua gestão e buscando associar Pablo Marçal (PRTB) ao crime organizado, e Guilherme Boulos (PSol), à invasão de propriedades. Na semana passada, contudo, o atual prefeito mudou de estratégia.
Em suas redes sociais, Nunes tem associado Boulos à liberação de drogas, publicando montagens de vídeos que ligam o deputado federal à proposta de descriminalização. Somente nessa segunda-feira (16/9), o prefeito fez cinco publicações desse tipo, a maioria delas repercutindo as falas no debate da TV Cultura desse domingo (17/9).
Além de suas declarações antidrogas, Nunes publicou um vídeo de 2018, quando era vereador de São Paulo e se posicionou contra a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442. A ação foi ajuizada pelo PSol no Supremo Tribunal Federal (STF) em 2017 e defende a descriminalização do aborto voluntário até o terceiro mês de gestação.
Nunes e o aborto
A questão do aborto legal ronda a gestão Nunes desde que o prefeito optou por encerrar a realização do procedimento no Hospital Vila Nova Cachoeirinha, em dezembro de 2023.
Localizado na zona norte de São Paulo, o hospital era uma referência na realização da assistolia fetal, procedimento médico recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para interrupção de gestações que ultrapassam a 20ª semana. Mas a gestão Nunes optou por direcionar a sua estrutura médica para outros procedimentos, o que levou a diversos questionamentos na Justiça.
Segundo a administração municipal, a suspensão do procedimento não prejudicaria o acesso ao aborto legal, porque outros quatro hospitais da rede municipal realizam o procedimento. Nenhum deles, contudo, atende casos de assistolia fetal.