Nunes fará reunião sobre aumento de tarifa de ônibus depois do Natal
Novo valor será abaixo da inflação para o período, segundo prefeito Ricardo Nunes. Passagem está congelada desde 2020
atualizado
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São Paulo – A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) marcou para o dia 26 de dezembro, um dia após o Natal, a reunião que deve anunciar o novo valor da tarifa de ônibus na cidade de São Paulo.
O aumento da passagem, atualmente em R$ 4,40, será detalhado na reunião do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte. O anúncio para os conselheiros é uma etapa obrigatória, segundo o decreto que criou o órgão, para a oficialização da mudança na tarifa.
A reunião será virtual e deve acontecer das 10h às 12h. Os conselheiros foram avisados nesta segunda-feira (23/12) para comparecerem ao evento. Como mostrou o Metrópoles, Nunes já vinha sinalizando que reajustaria a passagem desde o início do mês.
O prefeito argumenta que não quer tirar orçamento de outras áreas importantes para manter a tarifa congelada – a passagem de ônibus não é reajustada na cidade desde 2020.
“Eu tenho no orçamento R$ 6,2 bilhões reservados para o subsídio da tarifa. O medo hoje é explodir a inflação e colapsar o sistema de transporte. A questão é o quanto eu tenho de recurso que eu posso usar em 2025 e o quanto o sistema vai encarecer. Porque com a inflação sem controle, vai encarecer. Não quero chegar no meio do ano e ter que retirar da saúde e educação”, afirmou o prefeito na última quinta-feira (19/12).
Nunes disse que o novo valor deve ficar abaixo da inflação para o período. Um especialista consultado pelo Metrópoles estima que a tarifa ficará acima de R$ 5, já considerando uma possível alta da passagem no transporte público estadual.
Recorde de passageiros e lotação
Os ônibus da capital paulista tiveram em outubro o maior número de passageiros transportados em um único mês desde janeiro de 2020. Foram 194,9 milhões de viagens registradas pela SPTrans em São Paulo, embora a frota contratada pela prefeitura tenha sofrido uma redução de cerca de 800 coletivos, na comparação com o período pré-pandemia de coronavírus.
O volume de passageiros transportados em outubro representa um aumento de 8,8% em relação a igual mês do ano passado, quando foram registradas 179 milhões de viagens. Já em outubro de 2019, ano anterior à pandemia, foram 239 milhões.
Apesar do aumento, o número de ônibus disponível para a população continua abaixo do valor pré-pandemia. Em janeiro de 2020, os paulistanos tinham à disposição 14.053 ônibus. Em outubro deste ano, foram 13.272, segundo dados da própria administração municipal — queda de 5,6%, ou 781 ônibus a menos. No ano passado, a prefeitura pagou R$ 5,3 bilhões de subsídio ao transporte público e a previsão é de que esse valor seja ainda maior em 2024.
Quem toma ônibus diariamente reclama da lotação e do aperto. Como mostrou a reportagem do Metrópoles, há casos na cidade em em que passageiros são obrigados a descer dos coletivos para aliviar o peso em subidas íngremes.
“Quando chega no terceiro ponto e ele vai subir uma rua, se estiver muito cheio aqui na frente, as pessoas têm que descer para dar uma esvaziada e o ônibus poder subir, senão ele não sobe”, afirmou a doméstica Luciana de Oliveira, 43 anos, moradora da zona sul da capital, em entrevista no dia 19 de novembro.