Nunes fala em união “contra o mal” e se lança à reeleição em São Paulo
Ricardo Nunes fez ataques ao rival Guilherme Boulos, citou crise na Venezuela e disse que conversava com Bruno Covas na convenção do MDB
atualizado
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São Paulo – Ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) confirmou sua candidatura à reeleição em São Paulo neste sábado (3/8), em um evento em que fez uma série de ataques ao adversário Guilherme Boulos (PSol).
“É a ameaça de ver uma figura como Guilherme Boulos ser prefeito de São Paulo. O mesmo Boulos que, até outro dia, estava invadindo o Ministério da Fazenda, depredando a Fiesp, boicotando e sabotando a Copa do Mundo, a nossa seleção e o próprio país, fechando estradas pelo Brasil inteiro”, disse.
“Nós nos unimos contra esse mal e é por isso que tenho a gratidão de poder hoje, nessa convenção, dar um grande avanço”, afirmou Nunes.
O prefeito se lançou candidato em uma coligação com 12 partidos de centro e da direita, em um evento lotado no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
A organização do evento estimou público em 20 mil pessoas. No estacionamento, lotado, cabem cerca de 10 mil. Houve muita gente que não pôde entrar.
O público passou a manhã sob sol forte, com bandeiras e camisetas de vereadores e pré-candidatos dos 12 partidos. O ato contou com citações bíblicas feitas por um locutor entre os discursos e execução do Hino Nacional.
Ulysses e Bruno Covas
Após os ataques a Boulos, Nunes buscou fazer acenos à democracia e citou Ulysses Guimarães, figura histórica de seu partido conhecido pela oposição à ditadura militar e por ter presidido a Assembleia Nacional Constituinte, que deu origem à Constituição de 1988, que rege o país até os dias de hoje.
Nunes resgatou uma frase que Bruno Covas, seu antecessor, morto em 2021 em decorrência de um câncer, disse logo após sair de sua primeira internação na UTI e lançar-se à disputa: “Ou se encara o desafio de frente, ou não encara”.
O prefeito ainda se referiu ao antecessor dizendo que “esse dia não seria completo sem honrar a memória do Bruno”. “Tem momentos em que eu me vejo conversando com o Bruno”, afirmou. O filho do ex-prefeito, Tomás Covas, estava no palco.
Nunes prometeu que “os próximos quatro anos serão os melhores quatro anos da história da cidade de São Paulo”, e resgatou sua origem — o prefeito nasceu no Parque Santo Antônio, bairro carente do extremo sul da cidade.
“São Paulo não é perfeita. Claro que não. São Paulo é justa? Eu sei que não. Eu vivi na pele o que a cidade pode ser. Eu sei a dor das pessoas, o sonho das pessoas. E, por saber disso, eu não decido pela lógica de quem se tornou prefeito. Eu vim do povo e depois eu virei prefeito”, disse.
Nunes ataca Boulos
Nunes buscou também polarizar e nacionalizar a disputa contra Boulos, ex-coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que será seu adversário com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nunes disse que não pode “deixar que os que invadem, que depredam, que apoiam a ditadura na Venezuela, tomem e invadam a maior prefeitura da América Latina”. “Não vai, não vai. São Paulo vai vencer esse perigo. E eu estou disposto, eu tenho coragem e eu tenho vocês. Vocês vão me ajudar a não entregar a cidade a um invasor, a um depredador”, disse, sem citar Boulos nominalmente.
Nunes tinha como aliada e conselheira política, até o começo do ano, a ex-prefeita Marta Suplicy. Mas ela optou por deixar Nunes, voltar ao PT e aceitar convite para ser vice de Boulos após a confirmação de que o prefeito teria apoio de Bolsonaro.
Sem citar a aliança entre Boulos e petistas, Nunes fez críticas a uma eventual parceria entre os governos federal e municipal, referindo-se, também sem citar nomes, a própria gestão de Marta, que foi prefeita entre 2001 e 2004.
“Os dois governos de esquerda ficaram no poder 2.920 dias, com governo de esquerda no nível federal e municipal, e não resolveram o problema de São Paulo. Eu viro prefeito e, em 60 dias, o presidente Bolsonaro me recebe e eu coloco a dívida de São Paulo. Ele resolveu e São Paulo economiza R$ 280 milhões.”
Discursos de aliados
Antes do discurso do prefeito, o presidente de seu partido, Baleia Rossi, o governador Tarcísio de Freitas e o ex-presidente Jair Bolsonaro discursaram.
Tarcísio disse que Nunes é “um cara humilde” com “um coração gigante”, “uma pessoa que trabalha de sol a sol, de domingo a domingo” em uma fala voltada a defender a necessidade de integração entre prefeitura e governo do estado. “Não há como fazer transformação se não tiver parceria entre estado e prefeitura.”
Tarcísio ainda mirou Boulos em sua fala. “Ao pessoal da moradia”, Tarcísio disse que Nunes e ele tocam juntos um programa que prevê a entrega de 50 mil unidades habitacionais: “Aqui, tem moradia de verdade.”
Já Bolsonaro, que falou na sequência, primeiro ressaltou que o vice do prefeito era uma indicação sua, o coronel da PM Mello Araújo (PL), ex-comandante da Rota.
Ao tratar de Nunes, o ex-presidente disse que o prefeito era uma “pessoa que já provou suas qualidades” e enfatizou que “é meu nome em São Paulo”. “Vamos valorar aquele que está dando certo”, disse.
Bolsonaro também fez ataques indiretos ao candidato do PSol, ao dizer que Nunes era uma pessoa que trabalhava, “não um invasor de terras” que se posicionou contra “liberar maconha, liberar o aborto”, e “perverter as escolas com ideologia de gênero”.