Nunes envia à Liga ofício de deputados que pede punição à Vai-Vai
Nunes encaminhou para organizadores do Carnaval documento que pede que Vai-Vai deixe de receber recursos públicos para realizar desfile
atualizado
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São Paulo — O prefeito Ricardo Nunes (MDB) decidiu enviar à Liga das Escolas de Samba de São Paulo um ofício que pede que a Vai-Vai não receba recursos públicos para o Carnaval do ano que vem.
O documento foi elaborado por deputados bolsonaristas aliados do prefeito e enviado a ele após críticas à forma como a escola retratou a Polícia Militar no desfile deste ano.
Em nota, a Prefeitura informou que Nunes decidiu enviar o ofício à Liga porque a administração municipal não tem contrato direto com as escolas de samba, e sim com a entidade que representa as agremiações e realiza o Carnaval.
Em entrevista nessa quarta-feira (14/2) à CNN, ele já havia dito que as críticas à policia feitas pela escola precisariam ser analisadas.
“O prefeito Ricardo Nunes esclarece que a Prefeitura de São Paulo tem contrato com a Liga das Escolas de Samba, e não com as agremiações. As escolas seguem o regimento definido pela associação”, diz o texto.
“O ofício encaminhado por parlamentares à Prefeitura em relação ao desfile da Vai-Vai será encaminhado para a Liga, através da Secretaria de Cultura. Caberá então à associação verificar eventual descumprimento do regulamento interno”, informa a nota.
Ala com policiais militares
Em seu desfile no sábado (10/2), que deixou a Vai-Vai em oitavo lugar, a escola trouxe uma ala com policiais militares do Batalhão de Choque representados como demônios e provocou um embate entre grupos de direita e esquerda.
A ala se chamava Sobrevivendo no Inferno e representava o Massacre do Carandiru, crime ocorrido em 1992, quando 111 detentos desarmados foram assassinados por PMs do Batalhão de Choque.
A Vai-Vai disse, em nota divulgada na terça-feira (13/2), que seu gesto não foi um ataque individualizado ou uma provocação, mas “uma justa homenagem” aos Racionais MCs. O grupo de rap retratou o massacre no álbum Sobrevivendo no Inferno, de 1997.
Um dia antes, o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) havia apontado suposta “inversão de valores” com a alegoria. “Com direito a chifres e outros itens que remetiam à figura de um demônio, as alegorias utilizadas na ala Sobrevivendo no Inferno demonizaram a polícia – algo que causa extrema indignação”, disse a entidade.
O deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) e a deputada estadual Dani Alonso, do mesmo partido, que enviaram o ofício a Nunes, também encaminharam o documento ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).