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Nunes diz que traição é “palavra muito forte” para decisão de Marta

Prefeito Ricardo Nunes falou nesta 4ª feira pela primeira vez sobre a saída de Marta Suplicy da sua gestão para ser vice de Guilherme Boulos

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Imagem colorida de Ricardo Nunes, homem branco, de barba e cabelo pretos, de jaqueta e camisa azul, durante entrevista - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Ricardo Nunes, homem branco, de barba e cabelo pretos, de jaqueta e camisa azul, durante entrevista - Metrópoles - Foto: Reprodução/YouTube

São Paulo – Em sua primeira manifestação pública após a saída de Marta Suplicy da sua gestão, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), disse, nesta quarta-feira (10/1), que a ex-prefeita confirmou a ele que será vice na chapa do deputado federal Guilherme Boulos (PSol), seu principal adversário, mas rejeitou o termo “traição” para classificar a decisão da agora ex-secretária.

“Ela [Marta] disse que aceitou [ser vice de Boulos]. Que havia conversado com o presidente Lula e que havia aceito”, disse Nunes, em coletiva de imprensa nesta quarta. Segundo ele, a conversa que selou a saída de Marta da Secretaria de Relações Internacionais, na terça-feira (9/1), “foi boa” e a ex-prefeita “era uma conselheira” que “não precisava marcar hora” para conversar com ele. “Três anos não é pouco tempo”, disse, referindo-se ao tempo em que Marta ficou na pasta.

Questionado se considerava a decisão da Marta uma traição, o prefeito respondeu:

“Não. É uma palavra muito forte. Não atribuiria uma palavra dessa à prefeita Marta. Ela tem seu trabalho, tem sua história. Acho que foi desencontrado, evidentemente. Aliás, não preciso nem falar, vocês acompanharam. Os fatos estão aí. Fato é fato, aí é da avaliação de cada um. Mas essa palavra [traição] é muito forte”, disse Nunes.

Demissão

A exoneração de Marta Suplicy da Secretaria de Relações Internacionais foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira. Ela deixou o cargo que ocupava desde janeiro de 2021, após aceitar o convite feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para voltar ao PT e ser vice na chapa do deputado federal Guilherme Boulos (PSol), principal adversário de Nunes na eleição deste ano.

Marta e Nunes conversaram durante cerca de duas horas na sede da Prefeitura, no centro da capital. Os dois afirmaram que a decisão foi em comum acordo. Também participaram da reunião o empresário Márcio Toledo, marido de Marta, e o secretário de Governo, Edson Aparecido.

Após a reunião, foi divulgada uma carta, com a data desta quarta-feira (10/1), na qual a ex-prefeita enumera uma série de ações feitas à frente da pasta e diz que a conjuntura política atual é diferente da encontrada quando assumiu a secretaria, em 2021.

“Como em outras passagens de minha vida pública, seguirei caminhos coerentes com minha trajetória, princípios e valores que nortearam toda a minha vida pública e que proporcionaram construir o legado que me trouxe até aqui”, escreveu Marta.

O apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à campanha de Nunes é um dos motivos que fez a ex-prefeita decidir sair da Prefeitura, segundo aliados.

Nunes soube de acerto pela imprensa

Marta estava de férias, que terminariam no próximo sábado (13/1), e petistas esperavam que ela procurasse Nunes para comunicar sua decisão quando retornasse ao trabalho, na segunda-feira (15/1).

No entanto, Nunes entrou na reunião desta terça já com a carta de demissão preparada, após ter sido informado pela imprensa sobre encontro entre Marta e Lula em Brasília, nessa segunda (8/1).

O prefeito paulistano alega que houve “quebra de confiança” e “traição” por parte de Marta após ela ter negociado o retorno ao PT e a entrada na chapa de Boulos sem comunicá-lo.

Marta era considerada conselheira do emedebista e participava de reuniões estratégicas do conselho político de Nunes. Na segunda, o prefeito chegou a dizer que tinha confiança na ex-prefeita sem saber que, no mesmo instante, ela se encontrava com Lula em Brasília.

A ex-prefeita era secretária de Relações Internacionais da gestão Nunes desde 2021, quando assumiu a pasta a convite do então prefeito Bruno Covas (PSDB), morto no mesmo ano.

As negociações de Marta com o PT

A articulação de Lula para convidar Marta a retornar ao PT e disputar a eleição com Boulos foi revelada pelo Metrópoles no começo de dezembro. Marta já havia sido sondada, na época, a se filiar ao PL, partido de Bolsonaro, para disputar como vice de Nunes — convite que ela descartou de pronto, diante da oposição que faz ao ex-presidente.

Foi durante o governo Bolsonaro, inclusive, que Marta se reaproximou do PT e de Lula, a quem apoiou a candidatura em 2022. A ex-prefeita havia deixado o partido em 2015, após 30 anos filiada, em meio às investigações da Operação Lava Jato.

Filiada ao MDB também em 2015, em uma cerimônia com a presença do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, na época no mesmo partido, ela votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff.

Marta chegou a ser filiada ao Solidariedade após deixar o MDB, mas atualmente se encontra sem partido.

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