Nunes diz que não adianta Enel trocar presidente e manter serviço ruim
Crítico da Enel, prefeito Ricardo Nunes reagiu ao anúncio da troca do presidente da concessionária 20 dias após o apagão na Grande SP
atualizado
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São Paulo — O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), reagiu à troca no comando da Enel anunciada pela concessionária de energia elétrica nesta quinta-feira (23/11), 20 dias após o apagão que deixou mais de 2 milhões de imóveis sem luz na região metropolitana.
“Não adianta trocar o presidente e continuar prestando um serviço ruim. Só quero que o povo de São Paulo não pague pela inoperância da empresa. Ela vai ter que fazer o que cobra para fazer, conforme decisão judicial que obtivemos”, disse Nunes, em mensagem enviada ao Metrópoles.
Após o apagão, que chegou a durar cinco dias, a gestão Nunes acionou a Justiça pedindo uma série de medidas contra a Enel, como multa por cortes de energia, retirada de árvores caídas sobre a fiação e plano de contingência para evitar novos apagões durante tempestades. Apenas uma parte dos pedidos foi atendida.
O prefeito, que vem subindo o tom contra Enel e já pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o cancelamento do contrato de concessão da empresa italiana, disse ainda que a concessionária deve se adequar à cidade no que diz respeito à quantidade de árvores da capital.
“É uma decisão da cidade de São Paulo ter árvore. A empresa que quiser vir trabalhar na cidade, tem que se adaptar ao que a cidade quer. A incompetência da Enel para reestabelecer a fiação não tem nada a ver com as árvores”, disse Nunes.
A queda de árvores sobre a fiação de energia elétrica na tempestade do dia 3/11 — mais de 2 mil — foi apontada pela Enel como principal obstáculo para restabelecer o fornecimento de luz. A demora de até cinco dias provocou uma enorme crise política e pressão sobre a concessionária, que já foi multada em R$ 12,7 milhões pelo Procon-SP.
Nesta quinta-feira, o presidente da Enel no Brasil, o executivo italiano Nicola Cotugno, teve a saída do cargo confirmada pela empresa. Segundo a concessionária, a “saída de Cotugno foi definida em reuniões de Conselho das distribuidoras e da Enel Brasil em outubro” e prorrogada até 22 de novembro “para apoiar o processo de substituição e as recentes contingências”.
A Enel confirmou que o novo presidente no Brasil será o executivo Antonio Scala. Até que sejam concluídos os trâmites administrativos necessários para nomeação dele, o presidente do Conselho de Administração, Guilherme Gomes Lencastre, assumirá a posição de forma interina.