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Nunes pede censura de reportagens e devassa sobre mulher que o acusa

Ricardo Nunes quer que Justiça autorize busca e apreensão e quebra de sigilo de mulher que o acusa de desvio e que conteúdo seja excluído

atualizado

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Patrícia Cruz / Governo do Estado de SP
Imagem colorida mostra o prefeito Ricardo Nunes, homem branco, de cabelo e barba pretos, vestindo terno cinza, em um palco. Ele está atrás de um púlpito, falando ao microfone, olhando para o horizonte - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra o prefeito Ricardo Nunes, homem branco, de cabelo e barba pretos, vestindo terno cinza, em um palco. Ele está atrás de um púlpito, falando ao microfone, olhando para o horizonte - Metrópoles - Foto: Patrícia Cruz / Governo do Estado de SP

São Paulo — O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), enviou uma petição à Justiça paulista, nesta sexta-feira (2/8), requerendo busca e apreensão e quebra dos sigilos telefônico e telemático de Rosângela Crepaldi, uma das 111 pessoas indiciadas pela Polícia Federal (PF) na máfia das creches, que acusou o emedebista em vídeo de ter recebido dinheiro desviado do esquema. Ele nega.

Na petição, o advogado de Nunes também pede que cinco veículos de imprensa que noticiaram as acusações, entre eles o Metrópoles, sejam obrigados a retirar o “conteúdo” do ar. Ao Metrópoles, o advogado Daniel Bialski negou que a intenção seja censurar a imprensa, mas reiterou que o pedido é para que o vídeo com a acusação e as transcrições do que foi declarado por Rosângela sejam excluídos. O pleito ainda será analisado pela Justiça.

Após a publicação desta reportagem, a assessoria de Nunes encaminhou um documento que será enviado à Justiça para “retificar” e “esclarecer” que o pedido “não esbarra em eventual censura” e que “não se pediu e não se pretende a retirada das reportagens dos órgãos de imprensa”.

Rosângela é apontada pela PF como uma das principais operadoras de um suposto esquema de desvio de dinheiro de creches terceirizadas da prefeitura. Segundo a investigação, um grupo de entidades, escritórios de contabilidade e empresas “noteiras” movimentou R$ 1,5 bilhão entre 2016 e 2020.

No relatório que indiciou mais de 100 suspeitos, a PF decidiu continuar a investigação sobre possível envolvimento de Nunes no caso. Uma empresa da família do prefeito e ele próprio receberam dinheiro de uma das firmas investigadas, em 2018. Em vídeo publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, ao qual o Metrópoles também teve acesso, Rosângela afirma que o depósito feita na conta de Nunes era referente a “repasses” decorrentes do esquema.

A petição, assinada pelo advogado Daniel Bialski, afirma que Nunes pode sofrer “dano irreparável, acentuado pelo período eleitoral”, com a permanência das reportagens sobre as acusações.

“É que a sobrevinda desse material, de natureza clandestina e caluniosa, em pleno período eleitoral, tornado público há quinze dias do início das pré-campanhas, não ocorre por acaso”, diz a petição.  O documento chama as afirmações de Rosângela de um conteúdo “mentiroso” e “criminoso”.

O processo pede a abertura de um inquérito policial para apurar delito de calúnia, uma ação de busca e apreensão nos endereços de Rosângela e quebra dos sigilos telefônico e telemático dela. Pede ainda que seja emitida uma ordem de expresso impedimento para que ela divulgue tal conteúdo.

O documento cita ainda que o advogado de Rosângela, William Albuquerque de Sousa Faria, “já atuou, também, em prol da defesa do atual Presidente da República”, e afirma que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é de um partido de oposição a Nunes.

Além disso, a petição traz uma lista com links de reportagens do Metrópoles, da Folha de S. Paulo, do Poder360, do Política ao Minuto, da Carta Capital e do Youtube, requerendo que seus conteúdos sejam retirados do ar.

A defesa de Rosângela foi procurada, mas informou que ainda não tinha conhecimento da petição.

Entenda o caso

A Polícia Federal (PF) concluiu nesta semana parte de uma inquérito aberto em 2019 para investigar um suposto esquema criado para desviar recursos públicos de creches terceirizadas da prefeitura da capital e indiciou 111 pessoas. No caso do prefeito, o delegado Adalto Machado afirmou que é necessário que a investigação continue.

A Acria, uma organização social que gerencia oito creches na zona sul e foi presidida por uma ex-funcionária de Nunes chamada Elaine Targino, é suspeita de ter desviado recursos públicos por meio da simulação de compras que não foram feitas.

Nos balanços, para que o desvio fosse ocultado, segundo a investigação, a Acria se valia de notas fiscais emitidas por uma empresa individual, a Francisca Jacqueline Oliveira Braz — que era gerenciada por Rosângela, segundo ela afirma no vídeo que Nunes quer tirar do ar.

A Acria recebeu R$ 1,3 milhão da empresa de Francisca ao longo de cinco anos. A empresa, além disso, fez uma transferência de R$ 20 mil para a empresa da família de Nunes, a dedetizadora Nikkey Serviços, em 2018. Na mesma data da transferência, o prefeito, que na época era vereador, depositou dois cheques da empresa em suas conta, no valor total de R$ 11,6 mil.

Nunes nega que os cheques que depositou em sua conta sejam recorrente de um “repasse” ilegal. Ele afirma que o pagamento só pode ser decorrente de serviços feitos por sua dedetizadora à entidade contratada pela prefeitura.

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