Nunes anuncia tarifa zero nos ônibus aos domingos a partir do dia 17
Proposta da tarifa zero aos domingos deve gerar um custo extra de R$ 283 milhões, em renúncia tarifária; medida valerá para feriados
atualizado
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São Paulo — O prefeito Ricardo Nunes (MDB) anunciou, nesta segunda-feira (11/12), que a administração municipal oferecerá ônibus com tarifa zero aos domingos na capital já a partir do dia 17. A proposta será uma das bandeiras de campanha do prefeito, que deve disputar a reeleição ano que vem.
Os coletivos vão ter catracas liberadas neste dia da semana, com as empresas de ônibus sendo remuneradas por quantas saídas fizerem ao longo do dia, dependendo dos custos operacionais (com motorista, diesel e outros). O benefício vale da 0h às 23h59. O programa se chamará “Domingão Tarifa Zero”.
Para ter acesso ao benefício, o passageiro que tem bilhete único passará o cartão na catraca como nos demais dias da semana, mas não será debitado nenhum valor. Caso o usuário não possua bilhete único, a catraca será liberada pelo motorista ou o cobrador (nos coletivos que ainda têm esse profissional).
O anúncio foi feito na sala de reuniões do prefeito, com 14 vereadores da base de Nunes na Câmara Municipal a seu lado. Ao término da fala, os parlamentares aplaudiram.
Aos domingos, segundo o prefeito, a cidade opera com apenas 40% da frota, 4.830 coletivos, para um público de cerca de 2,2 milhões de passageiros. De acordo com Ricardo Nunes, mesmo esses ônibus trabalham com 60% de sua capacidade. Desta forma, segundo Nunes, o que a medida fará é trazer mais gente para ocupar essa frota ociosa.
Nunes disse ainda que a Prefeitura de São Paulo vai avaliar se esse efetivo terá de ser acrescido de mais veículos e que, em uma segunda etapa, será avaliada a possibilidade de conceder gratuidade também para os ônibus da madrugada, que transportam cerca de 22 mil pessoas por dia.
A medida marca um distanciamento do prefeito em relação ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), um de seus principais apoiadores políticos, em pleno ano eleitoral. Tarcísio vem se posicionando contra medidas que aumentem os custos de transporte, diante dos prejuízos bilionários acumulados pelo Metrô e pela CPTM desde 2020, e já defendeu que as tarifas sejam reajustadas no ano que vem.
“Esses 4.830 ônibus atendem toda a cidade, sem necessidade de metrô e CPTM para o objetivo que pretendemos, que é as pessoas curtirem a cidade”, disse Nunes. O prefeito se reuniu com o governador na manhã desta segunda para discutir o assunto e, segundo Nunes, ele foi parabenizado pela iniciativa por Tarcísio.
Contas públicas
Segundo o prefeito, a medida vai implicar em uma perda de R$ 283 milhões por ano em renúncia tarifária (valores de passagens que deixarão de ser vendidas aos domingos). Nunes não disse, porém, quanto é o custo total para manter essa frota em circulação aos domingos. O prefeito preferiu ressaltar que a medida vai estimular o comércio.
“Tem uma coisa muito importante que nós vamos sentir que é uma ativação da economia da cidade. A gente vai ter as pessoas, com a economia da passagem, poder comprar ali uma água, um algodão-doce, uma pipoca. Utilizar os espaços das cidade aos domingos, fazer um lanche fora de casa e, uma questão fundamental, a saúde mental”, disse o prefeito.
Até a última sexta-feira (8/12), a Prefeitura já havia gastado R$ 5,29 bilhões em subsídios para as empresas de ônibus, consumindo toda a cota de R$ 5,3 bilhões previstas para 2023. Técnicos da Prefeitura aguardam uma nova suplementação de recursos ainda nesta semana, com uma nova liberação extra de recurso feita pela Secretaria Municipal da Fazenda.
O Orçamento aprovado no ano passado pela Câmara Municipal para 2023 reservou R$ 3,8 bilhões para o subsídio. O valor foi sendo suplementado ao longo do ano. Para o ano que vem, a reserva prevista, já aprovada em primeiro turno no Legislativo, é de R$ 5,1 bilhões, além de uma previsão extra de R$ 500 milhões justamente para a tarifa zero aos domingos.
A proposta foi o “plano B” do prefeito para oferecer ônibus de graça para a população. A ideia inicial do prefeito era tentar implementar a tarifa zero universal na cidade, durante todos os dias da semana, mas os estudos feitos pelos técnicos da Prefeitura apontaram não haver dinheiro em caixa para tal política pública — que exigiria no mínimo R$ 10 bilhões ao ano em gastos de custeio.
A Prefeitura não divulgou nem uma estimativa de quantas pessoas devem ser atraídas para os ônibus aos domingos nem quantas deverão deixar de usar os trens e o metrô.
Nunes disse ainda que, até o fim do mês, vai decidir com Tarcísio se haverá ou não aumento do valor da passagem no ano que vem. Em São Paulo, ela é de R$ 4,40 para ônibus, trens e metrô, valor congelado desde 2020.