Nunes afirma que avalia “com cuidado” denúncia de ex-tenente da PM
Prefeito de São Paulo disse que não tomará nenhuma providência por enquanto; José Afonso Adriano Filho denunciou esquema de caixa 2 na PM
atualizado
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São Paulo – O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou, nesta segunda-feira (18/3), que avalia “com cuidado” a denúncia feita pelo ex-tenente-coronel da Polícia Militar José Afonso Adriano Filho de que há desvio de verbas em todas as unidades gestoras da PM usando um esquema de caixa 2.
Nunes confirmou ter lido a entrevista de Adriano Filho ao jornal Folha de S.Paulo, mas disse que não tomará nenhuma providência num primeiro momento.
“O cuidado que eu vou ter, bastante, é porque a pessoa que fez essas falas é um condenado. Então, eu tenho dois coronéis aposentados com um histórico de vida íntegra e a fala de um condenado. Evidentemente pode ter alguma verdade, mas vou levar em consideração que tem um condenado falando e duas pessoas que estão fazendo um trabalho importante na cidade”.
O ex-PM José Afonso Adriano Filho está preso na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior de São Paulo, desde 2017. Ele cumpre pena de 52 anos por peculato (quando um funcionário público, em razão de seu cargo, desvia bens ou recursos públicos para seu benefício ou de terceiros).
Segundo a denúncia, o ex-tenente-coronel criou empresas que eram escolhidas como vencedoras de pregões da PM, que ele mesmo organizava. No entanto, as compras e serviços nunca eram concretizadas. José Afonso Adriano Filho e outros agentes apenas recebiam o dinheiro que saía dos cofres da corporação.
Na entrevista para a Folha de S.Paulo, o ex-tenente afirmou que os coronéis Alvaro Camilo, subprefeito da Sé, e Marcus Vinicius Valério, subprefeito da Mooca, receberam aproximadamente R$ 150 mil e R$ 120 mil, respectivamente, em propinas.
A denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) aponta que José Afonso Adriano Filho desviou mais de R$ 7 milhões, fraudando 207 licitações com uma empresa e 120 vezes com outra empresa.
As concorrências públicas envolviam obras diversas, compra de materiais de informática e manutenção de rede telefônica do quartel, mas nunca ficou comprovado que os serviços e compras eram de fato efetivados. O tenente-coronel foi preso em 2017, em Itu, também no interior paulista.
A Polícia Militar de São Paulo disse, em nota, que “os crimes até o momento comprovados são de extrema gravidade, motivo pelo qual as investigações em curso são prioridades absolutas do comando”.
Ainda de acordo com a PM, uma sindicância detectou indícios de irregularidades na gestão do ex-tenente-coronel. Posteriormente, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado e auditou mais de 5 mil processos, o que levou à abertura de 244 novos IPMs.