Nunes acusa Boulos de mentir na pré-campanha: “Vendendo ilusões”
Prefeito Ricardo Nunes disse que Guilherme Boulos criou mentiras para moradores da zona leste para provocar conflito “que não existia”
atualizado
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São Paulo — O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), criticou de forma dura, nesta terça-feira (5/9), o primeiro ato de pré-campanha de seu principal adversário nas próximas eleições, o deputado federal Guilherme Boulos (PSol). Nunes disse que Boulos “colocou mentiras” para a população para criar um conflito que não existia entre sua administração e moradores da zona leste.
Conforme o Metrópoles informou na última sexta-feira (1º/9), Boulos visitou duas comunidades de São Mateus no primeiro ato de uma série de visitas que pretende fazer às periferias da cidade durante sua pré-campanha eleitoral.
Uma das visitas foi a moradores que vivem em áreas de risco à margem do Córrego Caboré, que faz parte da bacia do Córrego Aricanduva. Lá, Boulos fez um discurso com críticas a uma proposta da gestão Nunes de retirar as pessoas do local mediante pagamento de auxílio-aluguel e cadastro em programas de moradia.
Nunes já havia deixado claro a aliados a irritação com as declarações de Boulos. Para o prefeito, o deputado do PSol tenta mobilizar a população para lutar por uma demanda que não pode ser resolvida pelo poder público.
“O candidato esteve lá esses dias e falou para as pessoas que elas não deveriam aceitar isso, porque eu não estava pagando o valor do terreno, que o mais valoroso é a terra. Aí, porque eu digo que é mentira, ou talvez ele esteja mal informado: como é que vou pagar (indenizar) para as pessoas o valor de uma terra que é da Prefeitura? Uma terra pública? Não tem como. Me criou um problema terrível lá, porque as pessoas estão achando que é possível”, disse Nunes.
O prefeito comentou a pré-campanha do rival a jornalistas após uma palestra para estudantes da Faap, universidade que fica em Higienópolis, no centro da capital.
Na sexta-feira, moradores se queixaram a Boulos sobre o valor do auxílio-aluguel (R$ 600), considerado insuficiente para custear moradia em outros locais.
“Caso as pessoas tenham de sair por causa da canalização (do córrego), não dá para vir com essa conversa de bolsa-aluguel de R$ 400, R$ 600, porque hoje isso não paga o aluguel nem de um cômodo”, disse Boulos. “Se precisar tirar algumas (pessoas), tem que ser chave por chave”, afirmou o deputado.
“Chave por chave” é uma expressão difundida entre movimentos de moradia, para cobrar a entrega imediata de outro imóvel para quem for obrigado a deixar os locais de risco.
“O que eu vi lá (na comunidade na beira do córrego) é que estão querendo colocar a indenização (para os que sairão da área de risco) só pela benfeitoria. Mas a parte mais cara não é a benfeitoria, é a terra”, disse Boulos.
O programa do Córrego Caboré prevê a retirada de mil famílias de locais de área de risco. Parte das famílias deve receber, segundo a Prefeitura, uma indenização em dinheiro de até R$ 30 mil, referente a construções no local.
No ano passado, a Prefeitura aprovou uma lei na Câmara Municipal que prevê a indenização no valor das construções (não dos terrenos) de imóveis em áreas de risco cujos proprietários sejam obrigadas, pelo poder público, a deixar seus lares por causa dos riscos de deslizamento ou inundação.
“Imagina se vamos, nesse nível de campanha, fomentar discórdia, mentira? Estávamos em um processo muito tranquilo, com as assistentes sociais conversando com a comunidade. Estava um processo bem avançado”, disse Nunes.
“Me preocupa se ele for nesse nível, jogar esse nível de informações falsas”, complementou o prefeito. Nunes disse ainda que Boulos, que é coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), fez a vida “vendendo ilusões”, mobilizando pessoas em vulnerabilidade social para objetivos inalcançáveis.
“Não é possível que ele não saiba que a Prefeitura não pode indenizar quem invadiu terreno púbico”, disse Nunes.