“Nunca relatou ameaça”, diz advogado de líder do PCC morto na cadeia
Advogado de Rê, acusado de plano do PCC contra Sergio Moro, recebeu visita e não mencionou qualquer ameaça na véspera de ser morto na cadeia
atualizado
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São Paulo – O advogado Anderson dos Santos Domingues diz que Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, que era acusado de integrar uma célula de elite do Primeiro Comando da Capital (PCC) não mencionou ser alvo de qualquer ameaça na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.
Rê e outro ex-líder do PCC, Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, foram assassinados dentro da cadeia na tarde dessa segunda-feira (17/6). Três presos assumiram a autoria do ataque. O caso é investigado pela Polícia Civil.
Os dois respondiam pela Operação Sequaz, que desmantelou um plano da facção criminosa para atacar o senador Sergio Moro (União-PR) e o promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A dupla estava presa desde março de 2023.
“Ele nunca relatou ameaça”, afirma o advogado ao Metrópoles. “Nada, nada… Inclusive, houve visita ontem e estava tudo ok.”
Segundo relata, Anderson estava no lobby da cadeia na hora do crime, esperando para conversar com o seu cliente, e ficou sabendo do homicídio pela imprensa. Anderson e Rê tinham um atendimento agendado para tratar do andamento do processo.
“O processo estava perto do seu término e todas as provas apontavam para absolvição do Reginaldo”, afirma o defensor.
Investigação
Rê e Nefo teriam sido mortos a facadas, minutos depois do almoço, logo após a soltura para o banho de sol.
Os suspeitos de matar os ex-líderes do PCC foram isolados e devem responder pelo crime, de acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).
Há suspeita de que os ex-chefes tenham sido executados a mando da facção. O caso foi registrado no Plantão Policial de Presidente Venceslau, está sob investigação e a cadeia passa por perícia.
A unidade prisional, considerada de segurança máxima no sistema estadual, já abrigou Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e outros chefões do grupo. A cadeia é destinada a presos ligados à facção criminosa.
Sintonia Restrita
Investigação aponta que Nefo e Rê faziam parte da Sintonia Restrita, célula de elite da facção criminosa, responsável por monitorar e planejar ataques contra autoridades do Brasil.
Com treinamento de guerrilha e à frente de missões sigilosas e de alto risco, o grupo responde diretamente aos integrantes do mais alto escalão da facção.
Nefo era apontado como coordenador da célula. Ele também tinha outras passagens por roubo, motim e cárcere privado, ele foi preso durante a Operação Sequaz .
Já Rê exercia cargo de liderança no PCC há mais de 20 anos. Na sua ficha criminal, consta uma denúncia por comandar um ataque com mais de 30 tiros e três lançamentos de granada contra uma base comunitária da PM em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, em 2003.
Ele foi acusado, ainda, de praticar outros crimes na capital paulista, Campinas e outras cidades do interior.