Número de estupros no 1º trimestre em SP é o maior da história
SP notificou 3.551 estupros cometidos entre janeiro a março de 2023 e SSP vê vítimas com “maior segurança” para procurar polícia
atualizado
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São Paulo – Com 3.551 casos registrados, o número de estupros cometidos no primeiro trimestre deste ano é o maior da história no estado de São Paulo. Para o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), o recorde de notificações também pode representar “maior segurança das vítimas em procurar a polícia”.
Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP), divulgados nesta terça-feira (25/4), os estupros aumentaram 15,8% em 2023, na comparação com os 3.066 casos notificados de janeiro a março de 2022.
O número do primeiro trimestre de 2023 também é o maior já notificado pelo menos desde 2001 – início da série histórica disponível no site da SSP. Do total, 2.669 estupros, ou 75% dos casos, foram cometidos contra vulneráveis – ou seja, pessoas com até 14 anos ou incapazes de consentir.
Coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, Rafael Rocha avalia que o cenário de alta de estupros é “indignante”.
“É urgente a priorização deste tipo de crime pela SSP e a adoção de uma série de ações articuladas que envolvam, além das forças de segurança, a educação, a assistência social e a saúde”, diz Rafael Rocha.
Demanda reprimida
Coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) e porta-voz da SSP, a delegada Jamila Jorge Ferrari analisa que o aumento de estupros pode estar relacionado a demandas reprimidas durante o período da pandemia de Covid-19.
“Em 2020 e 2021, escolas, colégios, universidades – que são nossas maiores fontes de denúncia – estavam fechadas e tivemos declínio no número de registros”, afirma. “Muitas vezes, são os profissionais dessas instituições que percebem a mudança de comportamento de uma vítima e acabam descobrindo o caso”.
Segundo a delegada, em 86% das ocorrências o autor do estupro é uma pessoa conhecida, principalmente familiares ou amigos. Esse é um dos motivos para o crime ser historicamente subnotificado.
Ela também ressalta que, antes da mudança da legislação brasileira, em setembro de 2018, o registro e a investigação de casos de estupro dependiam do aval da vítima. “Esse marco é de suma importância no aumento no número de registros”, afirma.
“Queríamos que nenhum estupro fosse registrado em São Paulo, no Brasil ou no mundo”, diz Jamila. “Mas entendemos que esse número, em que pese ser alarmante e sem minimizar o problema, talvez reflita uma maior segurança das vítimas em registrar os casos e procurar a polícia”.