“Não se discute fazendo passageiro de refém”, diz presidente do Metrô
Julio Castiglioni, presidente do Metrô de SP, critica greve convocada pelos metroviários para esta terça-feira (3/10) na capital paulista
atualizado
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São Paulo — O presidente do Metrô de São Paulo, Julio Castiglioni (foto em destaque), classifica como uma ação “político-partidária” a greve convocada pelos metroviários para esta terça-feira (3/10), na capital paulista, contra o plano de concessões e privatizações do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em entrevista ao Metrópoles, ele afirma que o debate sobre a concessão das quatro linhas de metrô por onde passam mais de 2 milhões de passageiros por dia à iniciativa privada “não se exauriu na eleição”, mas que “a discussão deve se dar na arena democrática”, sem greves que prejudiquem os usuários da rede.
Tarcísio foi eleito governador em 2022 tendo as privatizações de estatais paulistas como uma de suas principais bandeiras de campanha.
“Esse é um debate que não importa só ao sindicato, mas a toda sociedade”, diz Castiglioni. “Ainda é um momento muito prematuro porque o estudo sobre a concessão acabou de ser contratado”, completa o presidente do Metrô, que critica duramente a greve de 24 horas convocada pelos metroviários.
“Partimos do pressuposto que a decisão judicial sobre a operação do sistema será cumprida. Não se discute colocando passageiro de joelhos, fazendo passageiro de refém”, afirma Castiglioni.
A pedido do Metrô, o desembargador Celso Furtado de Oliveira, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), determinou que os metroviários mantenham 100% da operação das linhas no horário de pico — das 6h às 9h e das 16h às 19h — e 80% nos demais horários, sob pena de multa de R$ 500 mil.
Segundo o dirigente, o Metrô vai cobrar a execução da multa caso o sindicato descumpra a decisão judicial e vai analisar caso a caso eventual conduta abusiva de funcionários envolvidos na paralisação.
“A própria Justiça declarou que a greve é ilegal, política e até partidária. Quem paga essa conta é quem precisa sair dos rincões da cidade para trabalhar e não terá o serviço do metrô à sua disposição”, diz.
A Justiça do Trabalho também barrou a proposta do Sindicato dos Metroviários de operar as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelho e 15-Prata durante as 24 horas de greve com “catraca livre”, ou seja, com o acesso aos passageiros liberados sem a necessidade de pagar passagem. “Catraca livre é uma irresponsabilidade”, concluiu Castiglioni.
Segundo o governo, o presidente do Metrô estaria no início da manhã desta terça-feira no Palácio dos Bandeirantes junto com o governador Tarcísio de Freitas e os presidentes da CPTM e da Sabesp para fazer um pronunciamento conjunto sobre a greve que atinge as três companhias estaduais.