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“Não respondo pelos erros do PSDB”, diz Datena sobre ascensão do PCC

O apresentador José Luiz Datena (PSDB) foi o segundo entrevistado da série de sabatinas do Metrópoles com os candidatos à Prefeitura de SP

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Foto colorida de José Luiz Datena, de cabelo branco e camisa branca - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de José Luiz Datena, de cabelo branco e camisa branca - Metrópoles - Foto: Vídeo/Metrópoles

São Paulo  Crítico da infiltração do crime organizado no poder público, o candidato à Prefeitura da capital pelo PSDB, José Luiz Datena, afirma em sabatina promovida pelo Metrópoles que não pode “responder pelos erros e falhas que o PSDB teve lá atrás”, ao ser questionado sobre a ascensão do Primeiro Comando da Capital (PCC) ao longo dos 28 anos em que seu partido governou o estado de São Paulo (1995-2022).

Na entrevista, o apresentador, que se filiou ao PSDB em abril deste ano para concorrer a prefeito, afirma que denuncia “há duas ou três eleições” a infiltração da facção na política, diz que “quem criou o crime organizado foi o Estado brasileiro”, mas não comenta as responsabilidades daqueles que comandaram o estado onde o PCC nasceu, como o ex-governador e atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), de quem se diz amigo.
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José Luiz Datena na sede da Associação dos Delegados, na Avenida Ipiranga, no centro de São Paulo
José Luiz Datena na esquina entre as avenidas Ipiranga e São João, no centro de São Paulo
José Luiz Datena na sede da Associação dos Delegados, na Avenida Ipiranga, no centro de São Paulo
José Luiz Datena na sede da Associação dos Delegados, na Avenida Ipiranga, no centro de São Paulo
José Luiz Datena na esquina entre as avenidas Ipiranga e São João, no centro de São Paulo
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José Luiz Datena, de jaqueta, ao lado do candidato a vice, José Aníbal, na esquina entre as avenidas Ipiranga e São João, no centro de São Paulo

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José Luiz Datena na sede da Associação dos Delegados, na Avenida Ipiranga, no centro de São Paulo

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Entregador passa diante de José Luiz Datena na esquina entre as avenidas Ipiranga e São João, no centro de São Paulo

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José Luiz Datena na esquina entre as avenidas Ipiranga e São João, no centro de São Paulo

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“Eu não posso me apoderar da história boa do PSDB, mas [também] não posso responder pelos erros e falhas que o PSDB teve lá atrás. Você tem razão, o crime organizado começou dentro das cadeias do Brasil e ele só se fortalece nas cadeias do Brasil”, diz Datena, que tem como proposta para segurança criar batalhões especiais semelhantes aos da Polícia Militar (PM), para a Guarda Civil Metropolitana (GCM) ajudar no combate ao crime organizado na capital.
“O que aconteceu no PSDB lá para trás, eu não posso ser responsabilizado porque eu não estava no PSDB. E também o que aconteceu de bom no PSDB, que aconteceu muita coisa boa no PSDB, eu também não posso sair com os louros da vitória porque eu não estava lá”, completa Datena.

O apresentador foi o segundo a participar da série de sabatinas do Metrópoles com os cinco candidatos à Prefeitura de São Paulo mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. Além de Datena, Tabata Amaral (PSB) já participou e foram também convidados Guilherme Boulos (PSol), Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB). As entrevistas vão ao ar entre os dias 10 e 20 deste mês. O primeiro turno ocorre no dia 6 de outubro.

Na sabatina, Datena cita uma operação deflagrada pela Polícia Civil em 15 cidades paulistas, em agosto, que bloqueou R$ 8 bilhões do PCC que seriam usados para financiar campanhas eleitorais, e a infiltração da facção em empresas de ônibus da capital, como a Transwolff e a UpBus, ambas denunciadas pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP). Neste ponto, critica a atuação do prefeito e adversário Ricardo Nunes.
O candidato tucano diz que pretende fazer uma nova licitação para substituir as empresas denunciadas, desde que elas sejam condenadas na Justiça, e defende um bloqueio prévio dos repasses dos subsídios que a Prefeitura faz para as viações manterem a operação dos ônibus, que é deficitária.

Datena diz que topou lançar candidatura própria à Prefeitura paulistana após ter se filiado ao PSDB com a expectativa de ser vice na chapa de Tabata Amaral, na “tentativa de reestruturar o partido” para viabilizar a candidatura do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, à Presidência da República, em 2026.

“Eu não posso chegar chutando a lei, mas pretendo licitar a partir do momento que houver provas e evidências claras de que essas empresas estão sendo beneficiadas”, diz Datena. “Se, de repente, essas empresas forem inocentadas, é claro que eu não posso tomar atitude nenhuma contra elas, mas seria ilegal da minha parte. Eu poderia ser preso por isso, por desobedecer o rito tradicional de que todo mundo tem direito ao julgamento. Mas, tendo prova aprovada, esses caras vão ser relicitados imediatamente”, completa.

Na sabatina, o candidato também fala sobre as dificuldades na campanha e temas como sistema eleitoral, com críticas sobre o uso de redes sociais; cracolândia, defendendo acolhimento de dependentes químicos e tolerância zero com traficantes; governabilidade, com sugestão de fazer plebiscitos de projetos antes de submetê-los à Câmara Municipal; segurança urbana e geração de empregos.

Confira abaixo os principais temas da sabatina e a íntegra da entrevista no canal do Metrópoles no YouTube:

Transporte e crime organizado

Datena diz que é preciso aguardar o veredito da Justiça para determinar o que será feito com as empresas de ônibus que são alvo de investigação por envolvimento com o crime organizado. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou neste ano dirigentes da Transwolff e da UpBus por suspeita de lavagem de dinheiro do PCC. As duas empresas estão sob intervenção da Prefeitura.

O candidato também sugere a suspensão de repasses diretamente às empresas até que seja provada a inocência. “Uma coisa que você pode, talvez, reivindicar ou questionar, é por que é que essas empresas que estão sendo investigadas e que há fortes indícios de que há crime organizado na direção dessas empresas, continuem recebendo subsídios de dinheiro público que esse prefeito dá da ordem de R$ 5 bilhões por ano. Por que é que o dinheiro continua entrando no caixa dessas empresas? ‘Ah, você não vai mais pagar essas empresas, não vai mais subsidiar essas empresas’. Você pode simplesmente colocar isso num fundo judicial bloqueado até que seja definida uma sentença”, diz.

Segurança urbana

O candidato do PSDB defende a criação de um grupo de intervenção rápida da Guarda Civil Metropolitana (GCM) em cada uma das 32 subprefeituras da capital paulista, inspirado nos Batalhões de Operações Especiais (Baeps) da Polícia Militar (PM).

Também diz que vai implantar câmeras corporais nos guardas da GCM e instalar equipamentos com reconhecimento facial em toda a cidade, a despeito dos possíveis questionamentos jurídicos relacionados ao monitoramento em massa da população.

“A principal proposta que eu tenho é treinar a guarda de uma maneira extremamente exemplar. Ninguém vai ter poder de polícia sem saber usar uma arma, como deve usar uma arma e usar arma dentro da legitimidade. Eu não sou a favor de esquadrão da morte e nem de eliminar todo mundo por aí, sair matando por aí, de jeito nenhum”, afirma Datena.

Cracolândia

O candidato fala em tolerância zero com traficantes, mas cita necessidade de tratamento humanizado para dependentes químicos. Datena diz que pretende implantar a cooperação da GCM com o setor de Inteligência da Polícia Civil. Também defende internação compulsória de usuários que não têm condições de decidir o próprio destino. “Você tratar dependente químico como bandido é um erro crasso, terrível e inimaginável”, afirma.

“O dependente químico não pode ser engradado com ideias nazistas, fascistas, que foram utilizadas por aquele canalha do Hitler na Segunda Guerra Mundial, com guetos, com grades. Não pode ser transferido com jatos d’água de madrugada para outro ponto da cidade, e daí por diante. Dependente químico, tolerância zero com violência contra dependente químico. Tolerância zero.”

Gestão e Governabilidade

Com uma chapa formada apenas por PSDB e Cidadania, Datena afirma que pretende lançar mão de plebiscitos, caso projetos que julguem ser de interesse da população sofram resistência de vereadores dentro da Câmara Municipal.

“Como eu não tenho 12 partidos coligados, o cara me pergunta ‘como é que você vai governar?’ Primeiro, que se o cara tem 12 partidos coligados, ele está gastando uma grana violenta ou distribuindo cargos e emendas, como sempre foi feito no Brasil”, diz.

“Eu vou tentar governar sem uma base grande e o cara diz ‘assim você não vai ter governabilidade’. Que me ‘impichem’ [de impeachment] e digam ao povo porque que me ‘impicharam’, porque que eu não consigo governar se alguém derrubar um projeto de interesse social, de interesse da sociedade, eu vou comunicar à imprensa, ao Ministério Público, que esse é um projeto que eu tinha para ajudar o povo, os caras querem dinheiro e querem cargo para aprovar esse projeto e eu não vou dar, e acabou. Aí, eles que se entendam com quem os elegeu.”

Geração de emprego

O candidato do PSDB afirma que pretende criar os “territórios do emprego”, proposta prevista em seu plano de governo segundo a qual empresas vão receber incentivos fiscais da prefeitura para se instalarem em bairros da periferia, gerando postos de trabalho próximo às residências dos trabalhadores.

Uma das áreas citadas por ele é na região da Avenida Jacu Pêssego, na zona leste da capital. “Eu quero que o rico ajude o pobre a deixar de ser pobre e tenha uma condição digna, pelo menos”, diz o candidato. Segundo Datena, empresários se sentirão atraídos pela isenção fiscal, que pode se converter em aumento na margem de lucro.

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