“Não é sirene que salva vidas”, afirma prefeito de São Sebastião
Felipe Augusto (PSDB) admitiu não existirem alertas sonoros para avisar moradores de áreas de risco sobre a chegada de chuvas
atualizado
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São Paulo – O prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), afirmou não existir “nenhuma” sirene para alertar moradores de áreas de risco sobre o perigo da chegada de fortes chuvas. “Não é sirene que salva vidas”, afirmou em entrevista à rádio BandNews, na manhã desta quinta-feira (23/2).
A cidade do litoral paulista foi a mais castigada por temporais, no fim de semana, registrando o maior volume de chuva da história de São Paulo. O número de mortes, dezenas, cresce a cada momento. Há também milhares de pessoas fora de casa.
“Não existe sirene para aviso de área de risco em uma cidade com mais de 100 quilômetros [de costa]”, afirmou o chefe do Executivo. Ele ainda disse: “sirene salva vidas desde quando?”.
O tucano foi questionado pelos apresentadores do programa de que, no Rio de Janeiro, na tragédia de Petrópolis, em fevereiro do ano passado, vidas foram salvas por causa da utilização deste tipo de alerta sonoro, que avisa sobre a chegada de fortes chuvas em áreas de risco.
Aos gritos, o prefeito afirmou: “Todas nossas viaturas estavam com as sirenes ligadas, se é de sirene que você [apresentador] precisa […] Temos um trabalho de treinamento continuado nessa cidade, para vocês virem na imprensa falar que precisa de sirene.”
O apresentador Luiz Megale argumentou que pessoas acordaram com água nas costas, em São Sebastião, e que precisavam ser alertadas, com antecedência, sobre o que estava acontecendo na cidade.
Nesse momento, o prefeito começou a berrar e o apresentador pediu, em vão, para que ele se acalmasse. O microfone de Felipe Augusto foi cortado e a entrevista, encerrada.
Sem dinheiro para prevenção
Como mostrou o Metrópoles, São Sebastião está desde 2013 sem receber um centavo da Defesa Civil paulista para a prevenção de desastres naturais.
Responsável por repassar dinheiro aos municípios paulistas para mitigar riscos de tragédias, a exemplo da que ocorreu no último fim de semana, a Defesa Civil tem quatro ações estratégicas destinadas à prevenção de acidentes, como deslizamentos de encostas e assistência a vítimas de desastres no estado.
A principal delas é a de Suporte à Gestão de Defesa Civil, que detém 93% do orçamento do órgão e é voltada para a elaboração de “planos de prevenção e recuperação de desastres, reaparelhamento, estudos técnicos, projetos, obras e serviços de engenharia”.
Há também o programa batizado como Percebendo o Risco, destinado, principalmente, ao “monitoramento e alertas meteorológicos, sistemas de alarmes e comunicação de riscos e desastres”; o chamado Preparação para o Desastre, com foco em pesquisas e treinamentos de agentes locais, comunidades e voluntários; e o Assistência Humanitária, para fornecer recursos de socorro emergencial e restabelecer serviços essenciais.
Levantamento feito pelo Metrópoles com base em dados da Secretaria Estadual da Fazenda mostra que a última vez que São Sebastião recebeu recursos para ações preventivas foi em 2013: R$ 1,76 milhão.
A reportagem procurou a Defesa Civil de São Paulo na noite de quarta-feira e ainda aguarda posicionamento.