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Mulher se desespera ao ouvir vizinho sendo morto por PMs no litoral; ouça

Esposa de ajudante de pedreiro afirmou que marido cuidava do filho de 10 meses antes de ser encontrado morto em beco no Guarujá

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Em foto colorida ajudante de pedreiro, morto pela PM, sorri usando capacete verde, óculos de proteção e camiseta preta - Metrópoles
1 de 1 Em foto colorida ajudante de pedreiro, morto pela PM, sorri usando capacete verde, óculos de proteção e camiseta preta - Metrópoles - Foto: Arquivo Pessoal

São Paulo – No início da noite do último sábado (29/7), o filho de 13 anos de um ajudante de pedreiro retornava para casa quando avistou seu irmão, de 10 meses, no colo de um policial militar. Era por volta das 20h20 no bairro Sítio Conceiçãozinha, Guarujá, litoral de São Paulo.

O bebê foi entregue pelo policial ao garoto, cujo pai, Cleiton Barbosa Moura, 24 anos (foto em destaque), foi morto a tiros disparados pela Polícia Militar, em um beco ao lado do barraco onde a família mora. Ele foi assassinado com um tiro de fuzil e dois de pistola. Uma vizinha gravou, em áudio, parte dos disparos que mataram o ajudante (ouça abaixo). Assustada, a mulher afirma, aos gritos, estar com medo por estar sozinha.

 

Cleiton é uma das 16 pessoas mortas pela PM, até o início da tarde desta quarta-feira (2/8), após o assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, de 30 anos, no último dia 27.

Enquanto o ajudante de pedreiro era mortalmente ferido, a companheira dele, uma ajudante de cozinha, trabalhava. Ela foi informada, por meio de um telefonema, que o companheiro com o qual morava há três anos havia sido morto.

Segundo o depoimento dos policiais que atiraram contra o ajudante de pedreiro, eles teriam reagido a supostos tiros dados por Cleiton.

“Mas como ele iria atirar contra a polícia enquanto cuidava de nosso bebê de 10 meses em casa? Sei que o Cleiton já tinha sido preso no passado, mas ele já tinha saído da vida do crime e começado a trabalhar honestamente”, afirmou a esposa, que pediu para não ter o nome publicado.

Os policiais da Rota (Ronda Ostensiva Tobias Aguiar) também afirmaram ter apreendido drogas, na residência da vítima, e uma pistola, que estava sob posse dele.

“Posso garantir que não tinha nem arma nem droga em casa. Eu jamais iria admitir isso, porque cuidamos de cinco crianças”, acrescentou a esposa de Cleiton.

Vizinhos relataram à esposa do ajudante que ele foi tirado do barraco por policiais, que o levaram até um beco, onde teria sido executado.

“A polícia está aproveitando a situação [operação no litoral] para matar pessoas que já tiveram passagem criminal. O Cleiton não estava mais no crime. A gente já estava, inclusive, quitando as parcelas do nosso barraco, pagas com o trabalho dele como ajudante de pedreiro e do meu trabalho em cozinha.”

Na versão policial, Cleiton estava em casa e, quando avistou a viatura, “correu para o fundo de um beco”. Os policiais acrescentaram ainda que “o que chamou a atenção” foi o choro de uma criança. Os PMs ainda afirmaram ter perseguido Cleiton até o beco, onde ele estaria com uma arma, supostamente apontada em direção aos policiais, que atiraram. Ele morreu no local.

“Ele estava com a criança no colo”, diz familiar de morto no Guarujá; vídeo

Armas deixadas com os PMs

O fuzil e a pistola usados para matar Cleiton, respectivamente, pelo tenente Bruno Melo dos Santos e pelo cabo Luís Alberto Costa da Silva foram apreendidos, lacrados e deixados aos cuidados dos próprios policiais, “mediante o compromisso de levarem [o armamento] até o Instituto de Criminalística da cidade de São Paulo”, para serem periciados, como consta em registros da Polícia Civil do litoral.

Até a publicação desta reportagem, o governo do estado havia confirmado a morte de 16 pessoas em supostos confrontos com a PM – 13 no Guarujá e três em Santos, além da prisão de 58.

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PM declara luto pela morte de Patrick Bastos Reis, policial da Rota morto no Guarujá
PM da Rota Patrick Bastos Reis baleado e morto durante patrulhamento no Guarujá
Policiais da Rota baleados no Guarujá foram socorridos no Pronto Atendimento Municipal da Rodoviária
Policial da Rota é morto em Guarujá
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PM da Rota Patrick Bastos Reis baleado e morto durante patrulhamento no Guarujá

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PM declara luto pela morte de Patrick Bastos Reis, policial da Rota morto no Guarujá

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Policiais da Rota baleados no Guarujá foram socorridos no Pronto Atendimento Municipal da Rodoviária

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Policial da Rota é morto em Guarujá

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As mortes por intervenção policial no Guarujá, em seis dias, já superam o total de homicídios do primeiro semestre na cidade.

Em coletiva nessa terça-feira (1º/8), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se referiu aos confrontos entre criminosos e policiais como um “efeito colateral” da estratégia que visa a “asfixiar” o crime organizado que controla a Baixada Santista. O governador disse que eventuais “excessos” por parte das forças de segurança serão investigados e, se confirmados, haverá punição.

A morte do PM

O soldado da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) Patrick Bastos Reis foi baleado durante patrulhamento na comunidade Vila Zilda. Atingido no tórax, ele não resistiu. Já o cabo Fabiano Oliveira Marin Alfaya, de 39 anos, foi ferido na mão. Os tiros foram disparados a até 70 metros de distância, segundo a SSP.

Após a morte do policial, teve início da escalada da violência na região. Segundo a Ouvidoria da Polícia de São Paulo, o número de mortes pode ser maior do que o divulgado. O órgão também alertou para a denúncia de excessos cometidos por parte das forças policiais. O governador nega a ocorrência de abusos.

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