Múcio sobre prisão de Braga Netto: “Não foi surpresa para ninguém”
Ministro da Defesa, José Múcio disse que soube de operação contra dois militares na véspera e que prisão de Braga Netto era esperada
atualizado
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São Paulo — O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou a jornalistas nesta terça-feira (17/12) que já se esperava a prisão do general Walter Souza Braga Netto, detido nesse sábado (14/12) no âmbito do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração foi feita na saída da casa de Lula em São Paulo, onde o presidente se recupera de uma cirurgia no cérebro.
“Evidentemente essa era uma coisa que já se esperava. Todo mundo esperava. Há um constrangimento, espírito de corpo de cada força, mas já se esperava”, afirmou o ministro.
Na sexta-feira (13/12), Múcio relatou que o general Tomás Ribeiro Paiva, comandante do Exército, lhe telefonou por volta de 22h para lhe avisar que a Polícia Federal iria cumprir duas operações na casa de dois militares, um no Rio de Janeiro e outro em Brasília — que seria o coronel Flávio Peregrino.
Segundo o ministro da Defesa, as Forças Armadas receberam a notícia da prisão de Braga Netto com constrangimento. “[Está] constrangida. [Braga Netto] é um colega, estudaram juntos, e é o primeiro general quatro estrelas que é detido no Exército. Mas não foi surpresa para absolutamente ninguém”.
“É necessário. É preciso acabar para a gente olhar para a frente, e para pra tirar a suspeição dos inocentes”, declarou José Múcio sobre as investigações da trama golpista.
PL dos Militares
José Múcio também afirmou que o Ministério da Defesa, que representa as Forças Armadas, não deve interferir na tramitação do projeto de lei (PL) que altera regras para a aposentadoria de militares. O ministro disse que a pasta está satisfeita com o projeto enviado ao Congresso Nacional na manhã desta terça-feira (17/12).
O PL dos Militares faz parte da revisão de gastos públicos apresentada pelo governo e foi negociada com a pasta. O texto passa a exigir a idade mínima de 55 anos, além de 35 anos de serviço, para que os militares tenham direito à reserva remunerada.
Antes do envio do PL, as Forças Armadas tentaram negociar, sem sucesso, que o critério fosse aplicado somente a quem irá ingressar na carreira a partir de 2025.
O PL também propõe uma contribuição mensal de 3,5%, descontada de pensões, para gastos em assistência médico-hospitalar e social.
Além disso, foram feitas mudanças na transferência de pensões de militares, primeira ordem de prioridade.
O período de adequação será de sete anos, a nova regra entra em vigor a partir de 1º de a janeiro de 2032.
Recuperação de Lula
Lula recebeu alta no último domingo (15/12) após ficar seis dias internado no Hospital Sírio-Libanês em razão de uma hemorragia intracraniana.
O presidente retomou sua agenda de trabalho na segunda-feira (16/12), quando recebeu os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, da Casa Civil, Rui Costa, e da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Durante as visitas, a equipe do governo discutiu, entre outros assuntos, a reforma tributária e o pacote de ajustes fiscais enviados ao Congresso.
Lula irá continuar despachando de sua casa em Alto de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, até a quinta-feira (18/12), quando deverá retornar a Brasília.