MPSP solicita novas diligências em caso de menino morto em van escolar
MPSP pediu à Polícia Civil mais dados para a investigação da morte de João Alisson, de 3 anos; defesa diz que testemunhas não foram ouvidas
atualizado
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São Paulo — O Ministério Público de São Paulo (MPSP) solicitou à Polícia Civil novas diligências na investigação do homicídio do menino João Alisson, de apenas 3 anos, encontrado morto dentro de uma van escolar, no último dia 18 de dezembro, na Mooca, zona leste de São Paulo.
Ao Metrópoles, o órgão afirmou que “os autos foram remetidos ao Ministério Público no mês de janeiro e que foram requisitadas diligências complementares à autoridade policial”. O MP não informou o motivo do requerimento.
De acordo com a advogada Jacqueline Valles, que representa a família de João, o 8° DP (Belenzinho) relatou o caso ao Ministério Público sem ouvir testemunhas que estavam na van, sem ouvir os pais, sem aguardar a liberação do laudo necroscópico que atesta causa da morte e sem análise das imagens de segurança do local onde o veículo ficou estacionado.
Jacqueline disse que o crime foi relatado “sem a instauração de um inquérito policial” e se baseou exclusivamente no depoimento da motorista, de duas funcionárias da creche e dos policiais que atenderam a ocorrência.
“Não sabemos a causa da morte do João porque o laudo necroscópico ainda não ficou pronto; nenhuma pessoa que fica nas imediações onde a van foi estacionada foi ouvida para relatar o que viu e as imagens do circuito de câmeras da rua onde a motorista parou o carro também não foram solicitadas pela polícia”, afirmou a advogada.
Questionada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que “todas as medidas referentes ao caso foram tomadas no curso da investigação”. A pasta afirmou que o inquérito policial retornou ao 8° DP, no dia 11 de janeiro, para cumprimento da cota ministerial.
“Estão em andamento a oitiva dos responsáveis da vítima e os laudos, solicitados ao IC e ao IML, que seguem em elaboração. Tão logo finalizados, serão analisados pela autoridade policial e anexados aos autos do inquérito”, concluiu a SSP, em nota.
Família pede resposta
O pai de João, o motorista Alan Plácido Coimbra, quer entender o que aconteceu entre a manhã e a tarde do dia 18. Nesse dia, o menino foi encontrado morto debaixo de um dos bancos do van escolar.
“A motorista disse que o João se recusou a descer, mas o que aconteceu depois disso não está claro. O depoimento dela é muito vago, não dá para entender realmente o que ocorreu. Tem que averiguar as câmeras e ouvir o depoimento de mais pessoas. Nós precisamos de uma resposta”, disse Alan.
“Até o momento, eu só tenho dúvidas. A única certeza que eu tenho é que eu perdi meu filho e que eu não vou conseguir mais recuperar ele”, afirmou o pai do menino.
Relembre o caso
João Alisson foi encontrado morto dentro de uma van escolar na tarde de 18 de dezembro, uma segunda-feira, no bairro da Mooca. A motorista da van foi presa em flagrante por homicídio culposo no mesmo dia.
À polícia, a mulher de 52 anos disse que, após deixar as crianças no Centro de Educação Infantil (CEI) Brás/Mooca, estacionou o veículo no quarteirão, na rua João Caetano, e foi “realizar outras atividades”. Quando retornou para buscar as crianças, ela notou que o menino não estava na escola.
A motorista decidiu procurá-lo na van e encontrou o corpo do menino debaixo de um dos bancos do veículo. Ela própria acionou a Polícia Militar (PM), segundo o registro da ocorrência.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo, que administra a escola infantil, informou que a Diretoria Regional de Educação acompanha o caso e o Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem, composto por psicólogos e psicopedagogos, foi acionado para atender a família da vítima.
De acordo com o Departamento de Transportes Públicos (DTP), a van escolar em questão realiza transporte privado e não está vinculada ao serviço de Transporte Escolar Gratuito. “O DTP já cassou o Cadastro Municipal de Condutores Escolares (CRMC) das motoristas vinculadas ao veículo e a licença da van escolar”, disse a prefeitura.
A administração municipal afirma que a contratação da van escolar privada ocorre entre o condutor e o responsável pela criança, “não havendo intermediação da Prefeitura”. O veículo escolar, com fabricação em 2015, está cadastrado no sistema para o transporte escolar privado e em situação regular, disse a prefeitura.
“O veículo escolar passou por vistoria em março de 2023 e foi aprovado, a licença para o transporte escolar é válida até 08 de fevereiro de 2024 e a documentação das motoristas é regular”, completa a nota.