MPSP investiga uso de fintechs pelo PCC para lavar dinheiro do tráfico
Segundo promotor do MPSP, a falta de fiscalização e de critérios para a abertura de contas em bancos digitais facilitam ação da organização
atualizado
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São Paulo – Investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) indicam que fintechs (empresas de tecnologia financeira) estão sendo usadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para lavar dinheiro do tráfico de drogas.
“O tráfico internacional de drogas é a principal fonte de renda da facção, representando atualmente dois terços de sua fonte de renda”, afirmou o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco.
Ele disse que a falta de fiscalização e de critérios para a abertura de contas em bancos digitais facilitam a ação da organização. “Vi casos de cadastros feitos em alguns desses sistemas em que metade do rosto da pessoa não aparecia”, destacou.
Os membros do PCC usam “laranjas”, que disponibilizam dados pessoais para a abertura de contas, ficando com um percentual do dinheiro de origem ilegal movimentado pela facção.
As fintechs são usadas, acrescentou Gakiya, também para dificultar o rastreamento dos lucros milionários do PCC. O dinheiro é “pulverizado” em diversas contas, em valores que não excedem R$ 5 mil, para não chamar a atenção de órgãos fiscalizadores.
Uma outra forma identificada pelo MPSP para a lavagem de dinheiro é a compra de empresas do segmento de beleza, como salões de beleza e comércios de cosméticos.
A facção também lava dinheiro investindo em criptomoedas, comprando imóveis e comércios.
Operação Sharks
Dois suspeitos de realizar operações financeiras para o Primeiro Comando da Capital (PCC) foram presos, na manhã desta terça-feira (12/9), em São Paulo, na segunda fase da operação Sharks, do MPSP.
Os suspeitos, identificados como Dário Pereira Alencar e Márcio Roberto de Souza Costa, estariam envolvidos na movimentação de R$ 100 milhões para a facção criminosa nos últimos três anos. Segundo o MP, eles fazem parte dos núcleos comandados pelos chefões Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, e Odair Lopes Mazzi Junior, o Dezinho.
Um terceiro suspeito, cujo nome não foi informado, foi preso em flagrante, por porte ilegal de arma de fogo, durante o cumprimento de um dos 22 mandados de busca e apreensão na capital e na Praia Grande, cidade do litoral paulista.
Outros quatro mandados de busca foram cumpridos na Bahia. Foram apreendidos documentos, celulares, computadores, roupas e 35 relógios de luxo, avaliados em R$ 2 milhões, de acordo com o promotor Lincoln Gakiya.