MPSP investiga envolvimento de políticos no esquema dos ônibus do PCC
Após operação que prendeu diretores de empresas de ônibus suspeitos de serem do PCC, MPSP inicia 2ª fase de investigação e mira políticos
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — O Ministério Público de São Paulo (MPSP) investiga se servidores públicos e políticos têm envolvimento com o suposto esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio de empresas de ônibus que operam na capital paulista.
Na semana passada, as empresas Transwolff, que opera na zona sul, e UPBus, da zona leste, foram alvos da Operação Fim da Linha, deflagrada na semana passada, acusadas de lavarem dinheiro da facção criminosa. Seis pessoas foram presas, incluindo Luiz Carlos Pacheco, o Pandora, dono da Transwolff, e 26 foram denunciadas.
“Precisamos saber se houve participação de algum servidor, algum político”, disse o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em entrevista exibida nesse domingo (14/4) pelo Fantástico, da TV Globo.
Na denúncia, dois políticos foram arrolados como testemunhas pelo MPSP para dar informações sobre o caso: o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União), que tem na Transwolff uma de suas bases eleitorais, e o deputado federal Jilmar Tatto (PT), ex-secretário municipal de Transportes, que conduziu a regularização dos antigos perueiros. Ambos não são investigados.
Segundo a investigação, o PCC injetou dinheiro nas duas empresas para ajudá-las a participar da última licitação do transporte público da cidade, entre 2018 e 2019, que ocorreu com apenas uma única empresa interessada em cada uma das áreas licitadas. Essa falta de competição também chama a atenção dos promotores, que apura ainda a criação de um cartel.
As duas empresas alvo da operação estão trabalhando sob intervenção da Prefeitura. Em entrevista ao Fantástico, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) prometeu que, caso haja comprovação de alguma pessoa da administração pública tenha cometido alguma irregularidade, ela será punida. Nunes também prometeu romper os contratos com as empresas de ônibus caso seja comprovado o esquema de lavagem de dinheiro do PCC.
A Transwolff detém a segunda maior frota de ônibus da cidade e foi a empresa que primeiro operou a frota de veículos elétricos que a Prefeitura pretende implementar e a que irá operar o Aquático, a embarcação que fará transporte de passageiros na represa Billings.
Além da investigação sobre a participação de políticos, a Corregedoria da Polícia Militar investiga informação colhida durante o inquérito de que os diretores da empresa, suspeitos de pertencerem ao PCC, contavam com segurança feita por policiais militares.