Motorista jogou Porsche “na maldade” em motociclista, diz testemunha
Caminhoneiro que presenciou homicídio de motociclista, atropelado por Porsche e arrastado após briga de trânsito, postou crime na internet
atualizado
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São Paulo – O caminhoneiro Gustavo Silva, de 26 anos, trabalhava com um amigo transportando entulho, na madrugada dessa segunda-feira (29/7), quando presenciou o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, 21, arrancar o retrovisor de um Porsche, na zona sul de São Paulo.
Em seguida, a moto saiu do local e o empresário Igor Ferreira Sauceda, 27, deu ré, ultrapassou um carro que estava em sua frente no semáforo e acelerou com o carro de luxo, atrás da vítima.
As testemunhas também aceleraram, para acompanhar o que iria acontecer, até que presenciaram o início de um homicídio, pelo qual o empresário foi preso ainda na tarde desta segunda.
“O cara da Porsche foi e jogou o carro para cima do motoqueiro. Infelizmente jogou os dois num poste. Complicado, por causa de um retrovisor ele vai lá e mata o cara. Ele tem dinheiro, pô. Quebrou o retrovisor, vai lá e arruma”, afirmou o caminhoneiro.
O caminhoneiro segue o relato, dado nessa segunda-feira ao Metrópoles: “E agora. Ele vai pagar a vida do cara? Matou o cara. Fez na maldade. Se não fosse na maldade, não teria batido o carro na moto”.
Logo após o atropelamento, durante o qual o Porsche arrastou a vítima e colidiu, com ela, contra um poste e uma árvore, Gustavo começou a gravar tudo com o celular (assista abaixo).
Com a chegada da Polícia Militar e de outras testemunhas, o caminhoneiro informou o que havia acontecido à autoridades e foi embora. Ele argumentou que precisava continuar trabalhando e que, com suas postagens dos vídeos nas redes sociais, espera ajudar na investigação do caso.
Empresário diz que foi fechado
Como mostrado pelo Metrópoles, o empresário Igor Ferreira Sauceda alegou, logo após o crime, que a vítima havia fechado o Porsche dele Este foi um dos registros em vídeo feitos pelo caminhoneiro Gustavo Silva.
“Ele que me fechou, ele estava vindo atrás de mim”, afirmou Igor, sem convencer o caminhoneiro, que fica exaltado com o argumento do empresário.
Outras testemunhas afirmam, ao se aproximar da vítima, que ela estaria ainda viva, gritando para que ninguém encoste a mão nela. A dianteira do carro de luxo, assim como a moto de Pedro, ficaram completamente destruídas. O motociclista chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Na delegacia, Igor afirmou que voltava do trabalho e dirigia o Porsche em direção à sua residência, com a namorada Marielle Campos no banco do passageiro, quando “inesperadamente um motoqueiro passou por sua lateral esquerda e quebrou seu retrovisor”.
O empresário disse não ter conseguido identificar o emplacamento da motocicleta, ou outras características, porque as luzes do veículo estavam desligadas. Igor Sauceda afirmou então que acompanhou a moto e buzinou para chamar a atenção do motociclista.
Vídeo
“Em dado momento”, disse o empresário, “a moto estava à sua frente e abruptamente mudou de faixa”. Igor disse que tentou evitar a colisão, ao torcer o volante para a direita, sem sucesso. Então, acrescentou que colidiu contra a traseira da moto, perdido o controle e se chocado contra poste e árvore.
Ainda de acordo com o documento policial, o motorista não soube dizer o motivo que levou o motociclista a quebrar seu retrovisor, mas achou a conduta suspeita “já que em data pretérita fora arremessado objeto na via para que parasse o veículo”.
A namorada de Igor, Marielle Aparecida De Oliveira Campos, de 25 anos, ficou ferida e foi encaminhada ao pronto-socorro. O empresário não se feriu.
“A vida vale um retrovisor?”
O pai de Pedro Kaique Ventura Figueiredo disse que o filho foi atropelado de forma intencional. Segundo ele, o motorista do Porsche acertou a traseira da moto com a intenção de matar.
“Eu só queria saber por que ele fez isso. Por mais que ele tenha quebrado o retrovisor ou algo do tipo, não justifica ele ter tirado a vida do menino. A vida vale um retrovisor? Agora ele vai poder voltar atrás e trazer meu filho para dentro de casa, para dentro da família?”, afirmou Alex.
O caso foi registrado no 11º Distrito Policial de São Paulo, em Santo Amaro, como homicídio culposo e lesão corporal. Segundo o advogado da vítima, após prestar depoimento e fazer o teste do bafômetro, o motorista do Porsche foi liberado.