Motorista do Porsche bebeu antes do acidente, diz amigo à polícia
Marcus Rocha prestou depoimento à Polícia Civil no hospital onde está internado após acidente que causou a morte de motorista de aplicativo
atualizado
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São Paulo – Marcus Vinicius Machado Rocha, de 22 anos, amigo do motorista do Porsche que provocou um acidente e matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52, no dia 31 de março na zona leste de São Paulo, afirmou que o empresário Fernando Sastre Filho, 24, que dirigia o carro de luxo, tinha ingerido bebida alcoólica antes do acidente
Ele prestou depoimento por cerca de 30 minutos na tarde desta quinta-feira (11/4) à Polícia Civil no Hospital São Luiz Anália Franco, onde segue internado.
José Roberto Lourenço, advogado de Marcus, disse ao portal g1 que eles discutiram ao sair da casa de pôquer onde estavam antes do acidente.
“Ele contou que estavam em um restaurante, que consumiram bebidas alcoólicas lá. De lá eles foram para a casa de pôquer. Na casa de pôquer eles ficaram em mesas separadas. Ele não conseguiu ver se lá ele consumiu bebida alcoólica ou não. De lá, eles saíram, teve uma discussão, segundo ele disse, o amigo estava um pouco alterado, e a última coisa que ele se lembra é ele no carro com o amigo e o amigo acelerando”.
Marcus Vinicius Machado Rocha estava dentro do Porsche e acabou gravemente ferido com a batida na traseira do Renault Sandero de Ornaldo. Ele passou por cirurgias e deve ter alta nos próximos dias.
Acidente
A batida aconteceu por volta das 2h20, na Avenida Salim Farah Maluf, na madrugada de domingo (31/3), e foi flagrada por câmeras de segurança. Vítima da colisão, o motorista de aplicativo chegou a ser socorrido, já em quadro de parada cardiorrespiratória, e morreu 1 hora depois por perder muito sangue.
No interrogatório, Fernando Filho admitiu que dirigia o Porsche “um pouco” acima do limite de velocidade, negou ter bebido e disse que, após a colisão, “apagou” e só retomou a consciência quando estava “deitado na via pública”. Também afirmou que está “amargamente arrependido”.
Aos policiais, o empresário relatou que tinha ido com um amigo para um clube de poker, no Tatuapé, onde ficou por cerca de 3 horas. Ele, que recebeu ajuda da mãe para fugir do local do acidente sem fazer teste de bafômetro, também disse não se recordar como ela foi socorrê-lo.
O relato é contestado por outras pessoas que viram a colisão. Segundo testemunha, Fernando Sastre Filho apresentava sinais de embriaguez, com a voz pastosa e cambaleando, e não ofereceu ajuda a Ornaldo.
Ele foi indiciado por homicídio com dolo eventual, lesão corporal e fuga do local do acidente. A Polícia Civil chegou a representar pela prisão temporária do empresário, mas o pedido foi negado pela Justiça paulista.
Namorada
No inquérito, uma testemunha relata que, durante o socorro, um carro, cujo modelo não soube especificar, chegou a parar no local, e duas garotas desembarcaram. Uma delas teria se apresentado como namorada de Fernando Filho.
Ainda segundo a testemunha, nesse meio-tempo, o celular do empresário tocou, e um rapaz que ajudou Fernando a sair do Porsche atendeu a ligação e conversou com a mãe dele sobre o acidente.
Até a chegada de Daniela, a suposta namorada e a outra jovem tentaram tirar do local Fernando e o amigo dele, que também ocupava o Porsche e se feriu, segundo a testemunha. A postura das moças foi contestada por outras pessoas que presenciaram o acidente. “Eles só vão sair daqui após o outro motorista [Ornaldo] ser atendido pelo resgate.”
Mãe “alterada”
Daniela Cristina chegou “alterada” ao local do acidente, ainda antes dos socorristas, segundo a testemunha.
A testemunha também diz que a principal preocupação da familiar e das jovens era ajudar Fernando “a se evadir”. Segundo seu depoimento, “em nenhum momento” as duas garotas ou a mãe do empresário “prestaram qualquer tipo de atenção ao socorro para a vítima do Renault”.
A mãe do empresário, como mostrado pelo Metrópoles, deve ser indiciada pela Polícia Civil por fraude processual, porque ela inviabilizou que o empresário fosse submetido a exames toxicológicos.
A informação foi confirmada em sigilo por fontes policiais que acompanham o caso.
Sem ir ao hospital
Como mostrado pelo Metrópoles, a mãe de Fernando foi até o local do acidente e disse aos policiais militares que atenderam a ocorrência que ia levar o filho para o Hospital São Luiz, no Ibirapuera, zona sul de São Paulo.
Os PMs liberaram os dois e depois foram à unidade de saúde com o intuito de realizar o exame de bafômetro no empresário. No local, foram informados de que Fernando não havia dado entrada em nenhum hospital da rede.
Além de liberar o suspeito, os PMs demoraram cerca de 5 horas para apresentar a ocorrência na delegacia. A conduta é investigada internamente pela corporação.
No depoimento, Fernando Filho admitiu que, de fato, não foi para nenhum hospital. Ele disse que sua mãe o levou para casa, onde repousou. Depois, ela alegou que tinha recebido ameaças pelo celular, sem especificar de quem, e que achou melhor não buscar atendimento médico para o filho.