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Mostra em SP: Fernanda Torres fala sobre possível indicação ao Oscar

O filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, estrela Fernanda Torres e vai representar o Brasil na disputa por uma indicação no Oscar 2025

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Murilo Hauser, Fernanda Torres e Walter Salles | Bruna Sales/Metrópoles
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1 de 1 01 - Foto: Murilo Hauser, Fernanda Torres e Walter Salles | Bruna Sales/Metrópoles

São Paulo — Desde o início de sua apresentações em festivais mundo afora, o filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, alcançou grande repercussão internacional e foi anunciado pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais (ABCAA) como a produção que irá representar o Brasil na disputa por uma indicação na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2025.

Nessa sexta-feira (18/10), após exibição do filme a jornalistas durante a 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, a atriz Fernanda Torres, que estrela o longa, afirmou em coletiva de imprensa que, independentemente da possível indicação, o fato de o filme ter ocupado as críticas e entrado em uma “shortlist” da premiação já é um acontecimento, e que o Oscar não precisa ser a “fronteira final”.

“Acho que o filme tem grande chance de estar entre os filmes estrangeiros, estamos trabalhando para talvez outras categorias, mas o filme, ele já é um acontecimento para a gente. Ele já está no mundo, ele já é uma porta de entrada para o mundo. Então o Oscar é muito importante por várias questões, mas ele também não é a medida de tudo“, revelou a atriz.

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Fernanda Torres fala sobre filme
Walter Salles, diretor do longa
Selton Mello e Marcelo Rubens Paiva
Os roteiristas Murilo Hauser e Heitor Lorega, ao lado de Fernanda e Walter
Fernanda Torres
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Coletiva de imprensa após exibição do filme "Ainda Estou Aqui"

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Walter Salles, diretor do longa

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Os roteiristas Murilo Hauser e Heitor Lorega, ao lado de Fernanda e Walter

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Fernanda Torres

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Fernanda Torres ainda falou sobre a indicação da mãe, Fernanda Montenegro, à categoria de melhor atriz na premiação em 1999, pelo filme “Central do Brasil”, também de Walter Salles. Na ocasião, quem levou a estatueta para casa foi Gwyneth Paltrow, por sua atuação em Shakespeare Apaixonado, de John Madden.

“Quando as pessoas falam do prêmio da mamãe, eu tento explicar que quando um ator brasileiro, falando português, é nomeado, ele já ganhou, pode estourar champanhe, entendeu?”, brincou a atriz.

Também presente na coletiva, o diretor Walter Salles afirmou que a única maneira de atingir o público é exibir o filme em festivais como, por exemplo, a Mostra de São Paulo. Ao citar o fundador da mostra, o crítico de cinema Leon Cakoff, e a atual diretora do festival, Renata de Almeida, Walter disse que essa é uma forma de usar “o cinema como forma de desvendamento do mundo, de instrumento de conhecimento do mundo”.

“Os aliados desse filme são pequenos distribuidores independentes no mundo inteiro. Teria sido mais fácil pegar grandes máquinas internacionais de streaming, e aí não precisa fazer essa sequência toda de festivais. Mas é maravilhoso fazer essa sequência, porque você aprende. A cada pergunta você aprende alguma coisa”, destacou.

Na entrevista, além de Fernanda e Walter, estavam presentes o ator Selton Mello, que também integra o elenco; o escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que deu origem ao filme e os roteiristas Murilo Hauser e Heitor Lorega.

O filme

Fernanda Torres vive no filme Eunice Paiva, que teve papel central na busca por informações sobre o paradeiro de seu marido, o deputado Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello. Rubens foi um desaparecido político depois de ter sido preso, torturado e assassinado nos porões do DOI-CODI no Rio de Janeiro, em janeiro de 1971. O longa adapta o livro de Marcelo Rubens Paiva sobre a sua família, sendo ele o mais novo dos cinco filhos de Eunice e Rubens.

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Fernanda Torres vive no filme Eunice Paiva
O longa adapta o livro de Marcelo Rubens Paiva sobre a sua família, sendo ele o mais novo dos cinco filhos de Eunice e Rubens
Foram sete anos de produção
O filme foi escolhido para representar o Brasil no Oscar
Eunice e seus cinco filhos após assassinato de Rubens Paiva
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Eunice, Rubens Paiva e seus filhos Marcelo e Beatriz

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Fernanda Torres vive no filme Eunice Paiva

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O longa adapta o livro de Marcelo Rubens Paiva sobre a sua família, sendo ele o mais novo dos cinco filhos de Eunice e Rubens

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Foram sete anos de produção

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O filme foi escolhido para representar o Brasil no Oscar

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Eunice e seus cinco filhos após assassinato de Rubens Paiva

Fernanda falou sobre a responsabilidade de interpretar “uma mulher única, que nunca fez questão de ser reconhecida. Ela sai de viúva do Rubens Paiva para a mãe do Marcelo Paiva, movendo revoluções de uma maneira sempre digna, com uma resistência persuasiva”, refletiu a atriz.

“Eu fui olhar as entrevistas que era o mais palpável que eu tinha dela, e via sempre no rosto dela um sorriso e uma contundência que dobrava o seu oponente ou a pessoa com quem ela estava conversando, mas sempre com uma enorme inteligência e um sorriso irremovível. Ela não se movia da sua convicção e isso foi difícil de encontrar”, disse a filha de Fernanda Montenegro, que também participa do filme, interpretando Eunice aos 82 anos.

Para Selton Mello, o estudo e preparo para entrar no personagem ainda envolveu uma mudança física. Selton ganhou 20 quilos para viver Rubens Paiva, uma mudança que o ator considerou necessária para dar a “cara de pai” da figura do ex-deputado.

Ao falar sobre a construção da personagem, o ator se emocionou. “Acho que a beleza de falar aqui é a beleza dos encontros. No caso da Nanda [Fernanda Torres], reencontro. Uma parceria tão grande com o Valtinho [Walter Salles]”, começou.

“Pra mim foi um reencontro com o Marcelo, que eu sou fã, amigo há muitos anos. Eu sou da geração que foi completamente impactada pelo Feliz Ano Velho [romance autobiográfico de Marcelo, publicado em 1982]. Eu amo o Marcelo, respeito o Marcelo. Nunca imaginaria na vida que um dia eu ia fazer o pai do Marcelo. Tem sido muito emocionante, gente”, disse entre lágrimas.

Sete anos de produção

“Muitas vezes essa pergunta veio… Por que você não fez ficção durante 12 anos?”, disse Walter Salles durante a entrevista. “Porque não é todo ano que surge um livro como o do Marcelo”, respondeu a si mesmo o diretor de On the Road (2012), último filme de ficção feito por ele antes de Ainda Estou Aqui. Walter Salles é aclamado por inúmeros filmes, mas principalmente Central do Brasil (1999), longa indicado ao Oscar que acompanha a jornada de uma professora aposentada (Fernanda Montenegro) e um menino (Vinícius de Oliveira) em busca de seu pai.

Segundo contou o diretor, o processo de produção de Ainda Estou Aqui durou sete anos, tendo o roteiro sido reescrito pelo menos 20 vezes. “Um processo como esse, que tem a ver com a decantação da memória, com tantos personagens, não é um processo rápido”, revelou.

“O ponto de partida é esse livro luminoso que retraça não somente a memória da família de Marcelo, mas, ao mesmo tempo, a história do Brasil ao longo de várias décadas. Essa superposição entre o pessoal e o coletivo sempre com interesse ao cinema, e no livro, foi ainda potencializado pelo fato de que, nesse processo, o Marcelo descobre que a mãe tinha sido o personagem absolutamente central dessa história ao longo do tempo”, apontou o diretor.

Marcelo Rubens Paiva, por sua vez, afirmou que tinha sorte “de ter uma pessoa especial, com uma sensibilidade aflorada, que conhecia muito bem a história” para produzir o filme, referindo-se a Walter. “Eu sabia que teria um respeito absoluto pela história, porque é a história da minha mãe”, esclareceu o escritor.

“Quando se faz uma adaptação, a gente tem que escolher um eixo, tem que escolher uma coluna vertebral. E aí, desse eixo, que a gente demorou mais tempo discutindo e conversando, a gente nunca discordou dele. Tudo que eu queria desse filme, o Walter também queria”, finalizou o autor.

Sobre a escolha desse eixo e a subtração da história para chegar a um resultado final, Fernanda Torres falou sobre o papel da atuação nesse processo.

“Eu acho o que a atuação é baseada numa coisa que o Walter fez no filme todo, que é a subtração. A música não te empurra, a câmera não te empurra, as cenas não são melodramáticas. O filme não sofre por você, pelo contrário, ele contém, ele se restringe, e isso vai criando, acho que no público, a cumplicidade com aquelas pessoas que estão vivendo aquela arbitrariedade”, opina a atriz.

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