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Morumbi abrigou “fábrica de lanças” há 3.800 anos, revelam arqueólogos

Pesquisadores conseguiram datar 300 mil objetos descobertos no bairro; descoberta evidencia presença humana pré-histórica em São Paulo

atualizado

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Jornal da USP
Vista área do Sítio Morumbi
1 de 1 Vista área do Sítio Morumbi - Foto: Jornal da USP

São Paulo — Uma pesquisa arqueológica no bairro do Morumbi, na zona oeste de São Paulo, descobriu que a capital já era frequentada por caçadores e coletores há 3.800 anos. A pesquisa datou mais de 300 mil objetos encontrados no local, confirmando evidências de que o bairro abrigou uma “fábrica de pedra lascada” durante diferentes momentos da Idade da Pedra.

O local, identificado como Sítio Lítico do Morumbi, é o mais antigo encontrado na cidade até o momento. Ele teria sido usado por diferentes grupos indígenas ao longo de milhares de anos para a fabricação de objetos cortantes, como lanças, pontas de flechas e facas.

A descoberta do sítio aconteceu ainda na década de 1960, durante o loteamento do bairro pelo o engenheiro suíço Caspar Hans Luchsinger. Mas as investidas arqueológicas foram postergadas com a venda do terreno.

Durante três décadas, o valor arqueológico do sítio ficou esquecido — até que, na década de 1990, registros de Luchsinger foram redescobertos pelo arqueólogo Astolfo Araújo.

Construção de condomínio

Nos início dos anos 2000, o terreno foi vendido para a construção de um condomínio de casas e a construtora responsável contratou a empresa do arqueólogo Paulo Zanettini para a retirada dos objetos arqueológicos do local.

Na época, o empreendimento retirou as mais de 200 mil peças identificadas como ferramentas de pedra lascada do local, mas ainda não era possível determinar o seu valor arqueológico devido às fortes modificações que haviam sido feitas no terreno.

Em 2022, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) formalizou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), determinando que os donos da propriedade evitassem novas interferências até que fossem esgotadas todas as possibilidade de pesquisa do sítio.

300 mil objetos

A formalização do TAC levou os proprietários a contratarem novamente a empresa de Zanettini que, em conjunto com pesquisadores da Universidade de São Paulo, voltou a investigar o terreno. A pesquisa levou a descoberta de uma parte preservada do sítio, onde foram coletadas amostras de carvão que possibilitaram a datação dos objetos.

Ao todo, foram coletados cerca de 300 mil objetos, datados de períodos que variam entre 3.800 e 820 anos atrás. A diferença das datações indicam que o local foi usado por diferentes grupos de caçadores e coletores em vários estágios da Idade da Pedra. Os arqueólogos ainda especulam que o local possa ter abrigado uma aldeia de agricultores há oito séculos.

As descobertas foram depositadas no acervo do Centro de Arqueologia de São Paulo, no bairro da Casa Verde, onde devem ser exibidas para o público.

 

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