Morto pela PM no Guarujá teve as unhas arrancadas, dizem moradores
Segundo moradores, corpo de encanador morto por PMs no Guarujá, no dia 18 de agosto, tinha sinais de tortura
atualizado
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São Paulo — O corpo do encanador Willians dos Santos Santana, de 36 anos, morto por policiais militares no dia 18 de agosto, no Guarujá, litoral paulista, foi encontrado por familiares com um ferimento no rosto, um hematoma na cabeça, perfurações nos braços e as unhas das mãos arrancadas, sinais de que ele pode ter sido torturado.
As informações foram publicadas neste domingo (27/8) pelo jornal Folha de S.Paulo. Segundo a reportagem, que entrevistou familiares e vizinhos, ele foi morto com seis tiros de pistola, dentro do barraco em que morava na praia de Perequê, no Guarujá.
Segundo o jornal, as testemunhas ouviram gritos de socorro por mais de cinco minutos e encontraram indícios de tortura tanto no barraco quanto no corpo da vítima. Um alicate ensanguentado e uma faca estavam no chão do barraco, no ponto onde o corpo ficou caído, segundo os relatos.
Willians é uma das 22 pessoas que foram mortas em supostos confrontos com policiais na Operação Escudo, deflagrada há um mês, após o assassinato de um soldado Patrick Reis, da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), a tropa de elite da Polícia Militar, no dia 27 de julho, no Guarujá.
Na semana passada, o Metrópoles mostrou que laudos da Polícia Técnico-Científica colocam em xeque versões apresentadas por policiais militares para as mortes ocorridas em supostos tiroteios durante a operação na Baixada Santista, com um número elevado de tiros de fuzil em vítimas que estariam tentando revidar mesmo baleadas e disparos feitos com os suspeitos caídos no chão.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) tem afirmado que todos os casos envolvendo a Operação Escudo na Baixada Santista são apurados pela Delegacia Especializa em Investigações Criminais (Deic) de Santos, com apoio do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Todas as provas, acrescenta a pasta, são investigadas também pelo Ministério Público de São Paulo e pelo Poder Judiciário, que receberam imagens das câmeras corporais usadas pelos policiais em 12 das ocorrências. A SSP afirma ainda que “em nenhum” dos laudos foi registrada “incompatibilidade com os episódios relatados” pelos policiais.