SP: morto em linchamento foi PM e preso por integrar grupo de extermínio
Comerciante linchado no Guarujá (SP) é ex-soldado da PM de Pernambuco e foi preso, em 2008, em operação contra grupo de extermínio
atualizado
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São Paulo – Morto após ser linchado no meio da rua no Guarujá, litoral sul paulista, na semana passada, o comerciante Osil Vicente Guedes, de 49 anos, é ex-Polícia Militar (PM) em Pernambuco e chegou a ser preso no estado, acusado de integrar um grupo de extermínio.
A Polícia Civil do Guarujá, responsável por investigar a morte do comerciante, descarta qualquer ligação do crime do qual Osil foi vítima com o histórico dele na PM pernambucana.
Nascido no Recife e soldado da Companhia Independente de Policiamento com Motocicleta (CIPMoto), Osil foi um dos 53 alvos da Operação Guararapes, deflagrada em 2005, para desarticular um grupo de extermínio que cobrava até R$ 600 por morte. Ele foi solto em setembro de 2010.
Segundo as investigações da época, a quadrilha seria responsável pela morte de 36 pessoas em casos de queimas de arquivo, desentendimentos ou vinganças.
Três pessoas foram identificadas no linchamento
Osil foi morto em decorrência dos ferimentos que sofreu no espancamento ocorrido no dia 3 de maio. Três autores do linchamento foram identificados pela Polícia Civil.
Os três suspeitos de linchamento são, segundo a polícia, Douglas William Santos da Silva, de 35 anos; Ailton Lima dos Santos, 29 anos, e Diego Carlos Moreira, 43 anos. Todos têm antecedentes criminais.
A primeira versão para o crime, de que o comerciante tinha sido agredido por causa de uma fakw news — ser falsamente acusado de ter roubado uma moto —, foi descartada pela polícia, que apreendeu os celulares da ex-companheira de Osil, a psicóloga Vanessa Regina Benedito de Almeida. Os dois haviam terminado o relacionamento há cerca de dois meses.
De acordo com a polícia, Douglas, um dos agressores que já teve a prisão decretada pela Justiça, é cunhado do ex-marido de Vanessa, com quem ela se relacionou antes do comerciante.
Suspeita da família
A informação sobre a ligação entre Douglas e Vanessa reforça a suspeita da família de Osil de que a psicóloga estaria por trás das agressões contra ele — um dia antes de ser linchado no meio da rua no Guarujá, ele já havia sido agredido pelo mesmo grupo que o espancou.
O comerciante contou, em áudio enviado a uma familiar no dia 3 de maio, que na véspera tinha ido à casa de Vanessa e que eles se desentenderam. Segundo a vítima, a ex-companheiro havia chamado traficantes para dar uma “surra” nele — essa agressão teria sido a primeira, um dua antes do linchamento.