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Mortes no MPSP acendem alerta sobre assédio e grupo ameaça greve

Com duas mortes de funcionários do Ministério Público de SP, grupo denuncia assédio e servidores recebem formulário sobre saúde mental

atualizado

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Divulgação/MPSP
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1 de 1 mpsp_assedio_casos - Foto: Divulgação/MPSP

São Paulo – Em luto oficial de três dias, decretado nesta sexta-feira (12/5) após a morte de dois funcionários, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) enfrenta uma ameaça de greve feita por um grupo que cobra o “combate ao assédio moral e sexual” que seria praticado contra servidores e terceirizados.

O grupo, que é anônimo e se autointitula “Fogo no Parquet”, afirma em comunicado divulgado nas redes sociais que há “infindáveis relatos de adoecimentos graves, de consequências muito sérias” e que as mortes dos dois servidores citados acima foram por suicídio.

Segundo o texto, os funcionários eram “alvo de enorme pressão e assédio moral dos superiores”.

“Paralisação já! Vamos dar o recado óbvio, porém necessário: nós não queremos morrer”, diz o comunicado do Fogo no Parquet.

Servidores ouvidos pela reportagem disseram que os dois casos ocorreram em um intervalo menor que 24 horas. Na manhã desta sexta, os funcionários do MPSP foram surpreendidos pela direção do órgão, que distribuiu uma “Escala de Saúde Mental” para que todos fizessem uma autoavaliação sem a necessidade de entregar os resultados.

O Metrópoles teve acesso ao questionário, um documento em Word com 26 questões para as quais as respostas apresentam pontuações diferentes. A ideia é que os servidores somem os pontos registrados e confiram, ao fim, o resultado de sua pontuação. O MPSP afirmou ter elaborado as questões seguindo escalas de parâmetros internacionais para ansiedade, depressão e burnout.

No texto, há opções de respostas como:

  • “Sinto apreensão ou angústia persistente. Pânico incontrolável”
  • “Com frequência, tenho pensamentos de falha, incapacidade, autorrecriminação e culpa”
  • “Sinto-me emocionalmente esgotado(a) com o meu trabalho”
  • “Provavelmente seria melhor morrer. Os pensamentos suicidas são frequentes e o suicídio é considerado uma solução possível. Porém, não tenho planos ou intenções específicas”

Ao final, o questionário apresenta três resultados possíveis: um positivo, um de alerta e outro de urgência. No pior dos quadros, é recomendado que se busque ajuda médica. O MPSP afirmou oferecer assistência psicológica e psiquiátrica aos interessados.

Resultados do questionário distribuído no MPSP após casos de assédio

Protesto e greve

As reações às mortes de dois colegas levaram não só o grupo Fogo no Parquet (termo jurídico que significa Ministério Público), como também outros funcionários, a programarem um protesto para a próxima segunda-feira (15/5) na sede do MPSP, no centro de São Paulo.

No comunicado em que pede a greve, o movimento diz que, desde o ano passado, ações internas da Procuradoria para coibir assédios foram “pra inglês ver” e que “culminaram até mesmo com a exoneração de servidores que haviam acabado de entrar para a categoria”.

 

Grupo anônimo propõe greve após denúncias de assédio no MPSP

Procurado pelo Metrópoles, o MPSP disse em nota não ter recebido “qualquer demanda por parte do grupo que se autodenomina Fogo no Parquet”. O órgão afirmou que o bem-estar dos funcionários é prioridade e disse ter implementado canais de reclamação e um programa de saúde mental feito por meio de um convênio firmado com o Hospital das Clínicas.

“Por fim, vale destacar que toda e qualquer denúncia de assédio que chega ao conhecimento da administração é diligentemente investigada. Nos últimos dois anos, a Corregedoria-Geral do MPSP recebeu oito denúncias de casos relativos a assédio perpetrado por membros contra servidores. Em seis, houve punição efetiva. Em dois, o órgão correcional expediu orientação ao autor do comportamento reprovável”, afirma o MPSP.

Busque ajuda

O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos ou tentativas de suicídio que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social, porque esse é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o assunto não venha a público com frequência, para o ato não ser estimulado. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.

Depressão, esquizofrenia e uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida – problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.

Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode ajudar você. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias.”

Arte/Metrópoles

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