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Moradores de morro de Santos relatam tensão: “Virou Rio de Janeiro”

Moradores do Morro do São Bento, em Santos, relatam clima de tensão por conta de confrontos com tiros entre policiais e traficantes

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1 de 1 Imagem de comunidade em Santos - Metrópoles - Foto: Renan Porto/Metrópoles

Santos — Moradores do Morro do São Bento, no centro de Santos, litoral sul de São Paulo, relatam clima de tensão na comunidade, diante de repetidos confrontos entre traficantes e policiais militares que tentam subir no local. Nessa quinta-feira (22/2), houve correria quando policiais militares se posicionaram em cima de um viaduto, com fuzis apontados para o morro. Motoristas que passavam pelo local registraram o momento em vídeo.

Segundo moradores e trabalhadores da região, a sensação foi de estar em uma comunidade do Rio de Janeiro.

Assista:

Pelo menos quatro pessoas foram mortas no Morro do São Bento desde 3 de fevereiro, após a morte do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo. No último dia 19/2, durante troca de tiros, dois trabalhadores de uma obra foram atingidos por disparos, na perna e no pé.

Segundo relatos de moradores, a confusão dessa quinta-feira teve início por volta de 12h, quando traficantes soltaram fogos para anunciar a chegada dos policiais no local.

“Ontem a gente estava aqui na obra e viu aquela correria. Primeiro, lá em cima do [morro do] São Bento os caras do ‘movimento’ soltaram os fogos avisando da chegada da polícia. Daí, os polícias subiram em cima do viaduto e começaram a apontar o fuzil para cima do morro”, diz o trabalhador.

“Parecia mesmo o Rio de Janeiro, aquelas coisas que a gente vê na TV. Quando começou a confusão a gente foi correndo e se escondeu atrás do muro do outro lado da rua, atrás da rodoviária. Isso aqui tá f***. Todo dia tá tendo treta”, completa.

O viaduto citado pelo trabalhador é o Elevado Aristides Bastos Machado, que liga o centro da cidade à Avenida Martins Fontes, que dá acesso a Rodovia Anchieta. O local tem intensa movimentação de veículos e fica a poucos metros do Terminal Rodoviário de Santos.

Uma moradora de uma das casas localizadas na entrada do morro, que prefere não ser identificada, afirma que quando ouviu os fogos nessa quinta-feira estava na escadaria que dá acesso à rua, conversando com uma vizinha.

“A gente ficou meio desesperada. Viu aquela correria e não sabia se ia para a rua ou se corria para casa e se trancava. Eu que moro aqui embaixo, quase fora do morro, fico com muito medo. A gente se sente exposto”, diz ela.

“No fundo, a gente que mora no São Bento tá acostumado com os caras do tráfico, todo mundo sabe que tem isso. De vez em quando, tem uma confusão ou outra, mas para quem é morador é tranquilo. Agora tá todo mundo com medo. A polícia não quer saber mais quem é quem”.

O dono de um bar localizado no pé do morro diz, em reservado, que nunca viu a região desse jeito.

“Em todo esse tempo que eu estou aqui, essa região não era assim. Aqui não é a Rocinha, não. São Bento, Humaitá, Zona Noroeste, São Vicente, tá morrendo muita gente. Pode ter certeza que tem um monte de inocente”, afirma.

“Normalmente aqui já é muito complicado. Só mora aqui quem realmente não tem outra opção. As pessoas que moram aqui já têm que se submeter a várias regras das lideranças e ‘os incomodados que se mudem’. Mas agora o clima está horrível”, diz um morador.

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